A situação humanitária na Faixa de Gaza continua alarmante, conforme relatado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha). A devastação e as severas restrições no acesso à região têm dificultado a recuperação de serviços essenciais, deixando milhões de pessoas à mercê de ajuda humanitária para sua sobrevivência.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou que, apesar do aumento na assistência, os recursos ainda são insuficientes para proporcionar condições de vida dignas à população. O acesso a ajuda humanitária permanece restrito às passagens de Kerem Shalom e Kissufim, sem possibilidade de entrada ao norte de Gaza desde setembro. Desde o início de outubro, mais de 32 mil toneladas de ajuda foram coletadas, mas muitos pedidos, incluindo itens básicos como alimentos frescos e materiais escolares, foram negados pelas autoridades israelenses.
Entre 29 de outubro e 3 de novembro, 48 missões humanitárias foram organizadas, mas apenas 26 foram facilitadas, enquanto outras foram canceladas ou negadas. As famílias deslocadas enfrentam uma grave crise, vivendo em abrigos improvisados e superlotados, sob condições precárias, enquanto a aproximação do inverno intensifica a urgência por assistência. A escassez de materiais para a construção de abrigos tem dificultado qualquer planejamento adequado para a temporada de frio.
A infraestrutura de água e saneamento em Gaza também está em colapso, com mais de 85% das instalações danificadas. A produção de água subterrânea está reduzida a apenas um quarto da capacidade anterior, e as estações de tratamento estão fora de operação. Organizações parceiras tentam mitigar a crise hídrica, mas as restrições à entrada de itens essenciais comprometem suas operações.
A saúde infantil está em risco, com a Organização Mundial da Saúde e outros parceiros lançando uma campanha de vacinação e rastreio nutricional para 44 mil crianças que não têm acesso a serviços de saúde. A destruição de centros de vacinação resultou em uma queda drástica na cobertura vacinal.
Além disso, a produção agrícola na região foi severamente afetada, com a maioria das infraestruturas agrícolas e poços destruídos. A proibição de acesso ao mar está impactando significativamente os pescadores locais, contribuindo para a crise alimentar. O Programa Mundial de Alimentos está fazendo esforços diários para distribuir refeições, mas admite que a quantidade de ajuda alimentar é insuficiente para atender à demanda crescente.
Por fim, o apoio financeiro internacional continua aquém das necessidades, com apenas 36% dos recursos solicitados pela ONU para atender mais de 3 milhões de pessoas em Gaza e na Cisjordânia sendo disponibilizados até agora. A comunidade internacional enfrenta a tarefa urgente de intensificar os esforços para restaurar e reabilitar a infraestrutura e os serviços básicos na região.
Origem: Nações Unidas






