Intel e Tata Electronics firmam acordo estratégico para a construção da primeira grande fábrica de semicondutores na Índia
A Intel anunciou uma parceria estratégica com a Tata Electronics para a construção da primeira grande planta de fabricação de semicondutores da Índia, juntamente com uma instalação de montagem e teste (OSAT). O investimento, avaliado em cerca de 14 bilhões de dólares, representa um passo significativo na iniciativa do governo indiano em estabelecer o país como um player relevante na cadeia global de chips, alinhando-se com a estratégia da Intel de revitalizar sua divisão de foundry após anos complicados.
O projeto incluirá duas importantes instalações: uma fábrica de wafers (fab) localizada em Gujarat, que será a primeira do tipo em larga escala no país, e uma planta OSAT em Assam, essencial para completar o ciclo produtivo internamente. Embora ainda não tenham sido divulgadas quais tecnologias serão utilizadas, existem expectativas de que se concentrem em nós maduros e avançados, adequados tanto para eletrônicos de consumo quanto para cargas de trabalho relacionadas à inteligência artificial e data centers no futuro.
A assinatura deste acordo chega em um momento crítico para a Intel, que tem enfrentado perdas financeiras e dificuldades em sua operação. A nomeação de Lip-Bu Tan como novo CEO em 2025 é vista como um esforço para acelerar a transformação da empresa em direção ao negócio de foundry e recuperar competitividade em relação aos rivais TSMC e Samsung.
A colaboração com a Tata Electronics apresenta várias vantagens para a Intel Foundry, incluindo compartilhamento de investimentos que aliviará a pressão sobre seu balanço, acesso a um mercado em expansão na Índia e diversificação geográfica em um contexto de tensões geopolíticas.
Para a Índia, o acordo é um marco em sua missão de se tornar um polo de fabricação de semicondutores, como parte da “India Semiconductor Mission” inaugurada em 2021, que visa atrair fábricas de chips e reduzir a dependência externa em componentes críticos. Até agora, o país era mais conhecido como um grande consumidor de eletrônicos e um centro de desenvolvimento de software, mas com a entrada da Intel e Tata, a dinâmica do setor pode mudar.
Todavia, especialistas afirmam que resultados imediatos não devem ser esperados, uma vez que a construção de uma fábrica de semicondutores pode levar entre 3 a 5 anos e requer um ambiente de fornecimento estável de eletricidade, água ultrapura e uma infraestrutura robusta.
Com este projeto, a Índia visa não apenas aumentar sua capacidade industrial, mas também criar uma cadeia produtiva mais resiliente ao integrar a produção e o teste dos semicondutores no próprio país. A planta em Gujarat e a instalação OSAT em Assam devem entrar em operação ao longo da próxima década, marcando um capítulo importante para tanto a economia indiana quanto para a recuperação da Intel no setor de foundry.
Esta iniciativa se insere em um cenário mais amplo de multipolaridade na geopolítica dos semicondutores, onde novos hubs de produção estão surgindo fora do eixo tradicional formado pelos EUA, Europa e Leste Asiático.






