Em uma iniciativa inovadora na região da Bretanha, na França, um projeto pioneiro está transformando mexilhões subdimensionados, anteriormente considerados resíduos, em valiosa energia verde através da metanização. Este processo converte gás metano, uma fonte de energia renovável, a partir de materiais orgânicos. Com o apoio da União Europeia, o projeto promove práticas sustentáveis e uma gestão de resíduos ecológica e local, além de reduzir os custos de transporte.
Historicamente, os produtores de mexilhões ao longo da costa da Bretanha enfrentavam um desafio constante: até 20% da sua colheita anual consistia em mexilhões jovens e subdimensionados, totalizando entre 6.000 a 12.000 toneladas. Esses moluscos menores não atendem aos critérios para a produção de produtos de alto valor, como aqueles com designação de origem protegida. No passado, eram frequentemente descartados no mar, gerando danos ambientais, ou deixados para apodrecer. Entretanto, a pressão crescente das autoridades ambientais está forçando o setor a adotar cadeias de valorização totalmente rastreáveis e a evitar a disposição ao ar livre até 2025-2026.
O projeto não apenas transforma um problema em uma fonte de energia, mas também revela o potencial dos resíduos de mexilhões. A fermentação biológica, um dos processos de valorização industrial, usa microrganismos para decompor os resíduos de mexilhão em unidades menores (hidrolisato), que podem ser convertidas em metano, uma fonte de energia limpa e renovável. Além disso, as conchas de mexilhão podem ser reaproveitadas como fertilizante agrícola ou ração para animais, criando um sistema de ciclo fechado e agregando valor a materiais que, de outra forma, seriam descartados.
Inspirados pelos princípios da economia circular, os produtores de mexilhões, autoridades locais e pesquisadores científicos desenvolveram uma unidade de processamento móvel que pode ser implantada diretamente nas fazendas de mexilhões. Essa unidade permite o processamento local dos resíduos, eliminando a necessidade de transporte oneroso e prejudicial ao meio ambiente. Jean-Marie Grosmaitre, diretor do site Cultimer, afirma: “Não queremos viajar 1 km para 1 kg de mexilhões, então o objetivo é integrar essa nova prática nas práticas da profissão.”
O projeto traz benefícios para todos os envolvidos, reduzindo o impacto ambiental da produção de mexilhões ao evitar que subprodutos sejam descartados no mar. O hidrolisato produzido pela metanização gera energia limpa, enquanto as conchas trituradas tornam-se um recurso valioso para a agricultura, melhorando a viabilidade econômica das fazendas de mexilhões. Grosmaitre menciona que houve interesse por parte das autoridades locais em recuperar resíduos domésticos e de serviços de alimentação de origem animal, mostrando um potencial real para desenvolvimento em uma escala muito maior do que apenas a produção de mexilhões.
O financiamento do Fundo Europeu Marítimo e de Pesca, junto a iniciativas regionais, foi essencial para desenvolver a tecnologia e preparar o protótipo para uso nas fazendas de mexilhões na França. Este projeto inovador promete transformar a maneira como a produção de mexilhões lida com resíduos, oferecendo uma solução sustentável que beneficia tanto o meio ambiente quanto a economia.
Origem: Oceanos e pescas Europa
			
                                



							

