Os preços do café em nível global registraram uma alta alarmante em 2024, com um aumento de 38,8% em comparação com a média do ano anterior. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) identificou a mudança climática como a principal razão para essa elevação, afetando severamente os maiores países produtores, especialmente o Brasil.
O Brasil, reconhecido como o maior produtor e exportador da variedade arábica, enfrenta uma queda de 1,6% na produção, consequência de secas e geadas no estado de Minas Gerais. Inicialmente, as previsões apontavam um aumento na produção de 5,5%, mas as condições climáticas adversas forçaram revisões que indicaram uma redução.
As expectativas em relação ao clima também levantam preocupações sobre a safra de 2024-2025, tanto no Brasil quanto no Vietnã. Em novembro e dezembro, isso resultou em um forte aumento dos preços, inflacionados ainda mais pelos custos de transporte que continuam subindo no início de 2024.
No final de 2024, a variedade arábica, considerada de alta qualidade, estava sendo comercializada a 58% a mais do que no ano anterior, enquanto a variedade robusta, amplamente utilizada para café instantâneo, aumentou 70%. A FAO alerta que os preços de exportação de café poderão escalar ainda mais em 2025 caso a oferta nas principais regiões produtoras sofra reduções significativas.
A mudança climática não impacta apenas o Brasil; no Vietnã, um período prolongado de seca levou a uma queda de 20% na produção de café em 2023/24, com as exportações também apresentando uma queda de 10% pelo segundo ano consecutivo. Na Indonésia, o cenário é semelhante, com uma diminuição de 16,5% na produção devido a chuvas excessivas que danificaram as plantações.
Os pequenos agricultores, que respondem por 80% da produção global de café, enfrentam desafios consideráveis. A FAO reconhece a importância de apoiar esses agricultores por meio do investimento em tecnologias mais resilientes às mudanças climáticas e na restauração da biodiversidade. O diretor da divisão de Mercados e Comércio da FAO, Boubaker Ben-Belhassen, destacou que os altos preços devem incentivar esse investimento, essencial para a sustentabilidade do setor cafeeiro.
Origem: Nações Unidas