O comércio global, que durante anos foi um motor vital para o crescimento econômico, enfrenta agora um novo cenário com a ascensão da inteligência artificial (IA). Em uma palestra recente na cidade de Al Ula, na Arábia Saudita, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou que a IA deve ter um impacto significativo nos empregos em todo o mundo nos próximos cinco anos. Este fenômeno representa um desafio especial para os mercados emergentes, que já enfrentam as repercussões de transformações econômicas rápidas.
Georgieva destacou que, enquanto nas décadas de 90 e 2000 o comércio global crescia mais rapidamente que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, atualmente ambos os indicadores estão avançando no mesmo ritmo. Essa estagnação no crescimento do comércio global pode fazer com que regiões busquem novas oportunidades de desenvolvimento colaborativo.
A pesquisa do FMI indica que até 60% dos empregos nas economias avançadas poderão ser afetados pela IA, com um aumento na produtividade em muitos casos. No entanto, o impacto não será uniforme e pode acentuar as desigualdades sociais já existentes. Por isso, Georgieva orientou que legisladores em todo o mundo se preparem para mitigar os riscos sociais decorrentes dessa nova onda tecnológica.
Ela também chamou atenção para a situação única dos mercados emergentes, que precisam se adaptar rapidamente para prosperar. Contudo, esses países estão enfrentando desafios adicionais, como altos índices de dívida externa e recursos fiscais limitados. A diretora do FMI sublinhou a importância de reformas estruturais para melhorar a competitividade e promover um crescimento sustentável.
Além disso, o FMI ressaltou que a transição tecnológica deve ser inclusiva, especialmente em países de baixa renda, onde as taxas de desemprego podem aumentar à medida que funções tradicionalmente ocupadas por humanos diminuem. Para mitigar os impactos negativos, Georgieva defende a criação de redes de proteção social e programas de requalificação para preparar os trabalhadores para as novas demandas do mercado.
Origem: Nações Unidas