O Haiti enfrenta uma situação alarmante com a chegada da temporada de furacões no Atlântico, enfatizou a diretora regional do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Lola Castro, em uma videoconferência com jornalistas. A capital, Porto Príncipe, já é severamente afetada pela violência, que tem prejudicado os sistemas alimentares e as cadeias de fornecimento, exacerbando a crise alimentar no país.
Atualmente, cerca de 5,7 milhões de haitianos enfrentam níveis alarmantes de insegurança alimentar, colocando o Haiti entre os cinco países do mundo com condições de fome catastróficas. Com mais de um milhão de pessoas deslocadas devido a conflitos entre gangues, a situação se torna ainda mais crítica. Em Kenscoff, uma das comunidades impactadas, 14 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas, e muitos agricultores agora dependem da ajuda alimentícia, pois suas propriedades foram destruídas ou queimadas.
Outro aspecto preocupante é a escalada da violência de gênero, com 6 mil casos registrados apenas neste ano. Porto Príncipe se tornou um dos lugares mais perigosos do mundo para mulheres e meninas, complicando ainda mais o já frágil estado de bem-estar social no país.
Com um orçamento de resposta humanitária que exige mais de US$ 908 milhões, apenas 8% deste valor foi arrecadado até agora, limitando a capacidade de ação das agências humanitárias. O PMA solicitou com urgência US$ 46,4 milhões para manter suas operações nos próximos seis meses e enfrentar as causas subjacentes da fome e da desnutrição.
A temporada de furacões, que se estende até o final de novembro, traz ainda mais incertezas, já que os estoques do PMA, que normalmente alimentariam de 250 mil a 500 mil pessoas em situações de emergência, estão praticamente vazios. Em sua declaração final, Lola Castro ressaltou que a comunidade internacional não deve esquecer a grave crise humanitária que a população haitiana está enfrentando.
Origem: Nações Unidas