Um estudo recente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto revelou que a violência psicológica e emocional representa quase 78% dos casos de violência doméstica contra idosos, com as vítimas sendo, na maioria, mulheres entre 65 e 70 anos. Os agressores costumam ser filhos, noras ou genros, e um quarto dos casos refere-se a abusos recorrentes.
Publicada no Journal of Elder Abuse & Neglect, a pesquisa analisou reclamações de violência doméstica feitas entre 2010 e 2020, que totalizaram apenas 6.8% do total de casos reportados. Esse número, segundo os pesquisadores, é uma subestimativa, já que muitas vítimas não denunciam por medo ou vergonha, e profissionais de saúde podem hesitar em reconhecer e relatar os casos.
As vítimas, geralmente casadas e com baixo nível educacional, apresentaram não ter dependência econômica dos agressores. No que diz respeito aos supostos agressores, 82% eram homens, com idades entre 31 e 50 anos. O estudo apurou que, apesar da associação comum de agressores jovens à violência física, a prevalência de abuso psicológico foi notavelmente superior.
Sofia Frazão, autora principal do estudo, destacou a importância de desenvolver políticas públicas que ajudem a reduzir a estigmatização associada ao envelhecimento. Campanhas de conscientização e suporte social para potenciais agressores são essenciais para a prevenção da violência. Ela também enfatizou a necessidade de um sistema público integrado para garantir intervenções eficazes e humanizadas.
A pesquisa é parte do projeto de doutoramento de Frazão em Ciências Forenses e contou com a colaboração de outros professores da FMUP, como Teresa Magalhães e Paulo Vieira-Pinto. A criação de comissões de proteção e a necessidade de uma formação contínua na área foram igualmente ressaltadas como medidas fundamentais no combate a essa realidade preocupante.
Origem: Universidade do Porto