Debate sobre Soberanía Digital na Europa Aumenta após Eventos Recentes
Recentemente, o professor e executivo espanhol Alberto P. Martí, Chair do Industry Facilitation Group do IPCEI Cloud e VP de Inovação em Código Aberto na OpenNebula, provocou a comunidade europeia de nuvem com declarações incisivas. Em uma crítica bem-humorada, ele questionou a ideia de que o OpenStack poderia ser a base de uma pilha soberana europeia. Martí afirmou que embora o OpenStack seja um projeto de código aberto valioso, a verdadeira soberania tecnológica requer alternativas de software livre que sejam desenvolvidas e governadas na Europa.
A discussão foi acesa após a constatação de que a Europa, apesar de aumentar seus investimentos em serviços de nuvem, tem visto sua participação de mercado diminuir. Desde 2017, o mercado de nuvem na Europa cresceu cinco vezes, atingindo 10,4 bilhões de euros no segundo trimestre de 2022. No entanto, a fatia dos provedores europeus caiu de 27% para 13%. Gigantes americanos como AWS e Microsoft Azure dominam o cenário, enquanto os principais competidores europeus têm uma presença modesta.
Martí destacou que a dependência das empresas europeias de serviços de nuvem tem implicações sérias, especialmente em relação à proteção de dados e segurança cibernética. Ele alertou que uma abordagem meramente “open source” para plataformas cujas governanças estão fora da UE não é suficiente para garantir a soberania tecnológica.
O contexto também envolve a Estratégia Europeia de Dados, que prevê que 80% da informação será processada em ambientes de edge até 2025. A Comissária Europeia Ursula von der Leyen enfatizou que, embora seja tarde para replicar hiperescaladores, existem oportunidades para estabelecer a soberania tecnológica em áreas críticas.
Martí e outros especialistas pedem uma governança mais robusta, com fundações e consórcios sediados na UE que possam desenvolver e sustentar plataformas abertas. Iniciativas como a European Alliance for Industrial Data e o IPCEI Cloud têm sido apresentadas, mas a urgência de ações concretas por parte do setor privado e dos governos é cada vez mais evidente, para que a Europa não fique para trás na corrida pela soberania tecnológica.






