A Justiça Europeia Confirma Abuso de Posição Dominante da Intel no Mercado de Processadores
O Tribunal Geral da União Europeia deu continuidade a um dos casos mais emblemáticos da indústria de semicondutores, confirmando que a Intel abusou de sua posição dominante no mercado de CPUs x86 para dificultar a competição com a AMD. A decisão, que reafirma as práticas anticompetitivas que foram alvo de investigações durante quase duas décadas, resultou em uma penalidade de 237,1 milhões de euros (cerca de 278 milhões de dólares), significativamente reduzida em relação à multa anterior de 376 milhões de euros.
A condenação não absolve a Intel, mas reforça a percepção de analistas de que, por muitos anos, o gigante da tecnologia utilizou sua força de mercado para limitar a entrada de produtos equipados com processadores AMD em grandes fabricantes de computadores. O tribunal considerou que a Intel fez pagamentos diretos a empresas como HP, Acer e Lenovo entre 2002 e 2006 para atrasar ou cancelar produtos com processadores AMD, o que caracterizou um abuso claro de sua posição.
Embora a multa tenha sido reduzida, o Tribunal Geral enfatizou a importância da proporcionalidade na avaliação da gravidade das infrações. Os juízes apontaram que o número de modelos de computadores afetados era relativamente pequeno e que havia intervalos de até um ano entre alguns comportamentos anticompetitivos. Assim, a nova quantia de 237,1 milhões de euros foi considerada mais adequada às circunstâncias do caso.
Esse desdobramento encerra um processo longo que começou em 2009, quando a Comissão Europeia impôs uma multa recorde de 1,06 bilhões de euros à Intel, também por abuso de posição dominante. Em 2022, o Tribunal Geral havia anulado parte da penalidade, levando a Comissão a recalcular a multa em 2023, resultando na quantia agora confirmada.
Para a Intel, a decisão representa uma vitória parcial, pois consegue economizar em relação à penalidade anterior, mas enfrenta um impacto negativo em sua reputação e na percepção pública de suas práticas de mercado. Para a AMD, a sentença simboliza um reconhecimento oficial das dificuldades que enfrentou no passado, em um contexto em que agora a empresa se destaca no mercado de processadores.
O caso também envia um alerta à indústria tecnológica de que a União Europeia está comprometida em garantir a competição leal e não hesitará em manter uma supervisão rigorosa sobre as práticas comerciais de grandes empresas do setor. O próximo passo para a Intel e a Comissão é decidir se recorrerão ao Tribunal de Justiça da UE, o que poderá dar continuidade ao processo legal.
Enquanto isso, o mercado de CPUs x86 vive um momento distinto, com a AMD fortalecido e a Intel buscando redefinir seu papel na era da inteligência artificial em meio a regulamentos digitais cada vez mais rigorosos.






