A dissertação de mestrado de Ana Carolina Oliveira revelou que o horário do dia e o ritmo biológico têm influência significativa na memória de testemunhas oculares. Realizada no âmbito do Mestrado em Medicina Legal do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, a pesquisa destaca a importância de considerar o cronótipo individual durante a recolha de depoimentos em contextos forenses.
Os resultados mostraram que a capacidade das testemunhas em recordar detalhes varia ao longo do dia, especialmente em relação à carga emocional do evento presenciado. A professora do ICBAS, Mariana Pinto da Costa, uma das autoras do estudo, enfatiza a necessidade de agendar interrogatórios em horários que coincidam com os picos de desempenho cognitivo dos testemunhas, o que pode levar a relatos mais precisos e detalhados.
Durante a investigação, os participantes assistiram a vídeos com diferentes graus de carga emocional, tanto de crimes como de situações neutras. Eles foram testados em dois momentos: numa sessão em seu horário "ótimo", segundo seu cronótipo matutino ou vespertino, e noutra em horários considerados "não ótimos". Os dados coletados revelaram que os participantes lembraram de mais detalhes e cometeram menos erros de memória nas sessões realizadas em seus horários favoráveis.
Os achados da pesquisa sugere que a sincronia entre o horário do interrogatório e o ritmo biológico da testemunha pode favorecer a recuperação da informação testemunhal, um ponto relevante para processos judiciais e investigações. O estudo resultou na publicação de um artigo na revista Journal of Forensic Psychology Research and Practice, contribuindo significativamente para as discussões sobre a memória e as testemunhas em contextos legais.
Origem: Universidade do Porto