Um grupo de investigadores portugueses fez uma descoberta significativa ao encontrar fósseis de fungos primitivos gigantes com aproximadamente 300 milhões de anos no concelho de Anadia, no distrito de Aveiro. A pesquisa, liderada pelo paleontólogo Pedro Correia, ex-aluno da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), teve a colaboração de Fernanda Leal, estudante de doutoramento em Ciências do Consumo e Nutrição, que ajudou a classificar uma nova espécie de fungos micorrízicos até então desconhecida.
A conexão entre nutrição e paleontologia pode não ser óbvia à primeira vista, mas Fernanda, que tem formação em Biologia e Geologia, esteve ao lado de Correia durante o processo de pesquisa. Ela foi fundamental na identificação taxonómica dos fosséis, que inicialmente foram mal interpretados como outros tipos de materiais, como coprólitos de insetos ou estruturas sedimentares.
Os fósseis, agora nomeados como Megaglomerospora lealiae, são os maiores esporos documentados da divisão Glomeromycota, um grupo essencial para as interações simbióticas com as raízes de muitas plantas. Esta descoberta representa o primeiro registro de um fungo endomicorrízico identificado no Carbonífero da Península Ibérica, destacando a importância evolutiva das interações entre plantas e fungos.
Os investigadores observaram características exclusivas dos fungos micorrízicos da ordem Diversisporales, mostrando que estes organismos desempenharam um papel crucial na formação de associações simbióticas com as raízes de um número elevado de plantas.
A descoberta foi detalhada no jornal internacional Geobios e envolveu colaborações com cientistas de outras instituições, ampliando o entendimento sobre os processos ecológicos que moldaram a flora do Paleozoico. A importância desses achados para a paleontologia e a ecologia é considerada um avanço significativo no campo e um passo para a compreensão das complexas relações que governam a vida na Terra ao longo dos âmbitos geológicos.
Origem: Universidade do Porto