Telefónica, Nvidia e ACS unem forças para a Inteligência Artificial na Europa
A Espanha confirmou oficialmente sua candidatura para sediar uma das cinco gigafábricas de Inteligência Artificial (IA) que a Comissão Europeia planeja estabelecer no âmbito do seu Plano de Ação para a IA. O local proposto é Móra la Nova, na província de Tarragona. Essa iniciativa pode mobilizar um investimento estimado em 5 bilhões de euros, sendo 35% financiados pelo governo e o restante por recursos privados. O consórcio liderado pela Telefónica conta com a participação de companhias como ACS, MasOrange, Nvidia, Submer e Multiverse Computing, além da SETT (Sociedade Espanhola para a Transformação Tecnológica), vinculada ao Ministério de Transformação Digital.
Cada uma das gigafábricas terá como objetivo abrigar cerca de 100.000 unidades de processamento avançadas, essenciais para treinar modelos de IA a partir da Europa. Atualmente, o continente europeu detém apenas 10% da capacidade global de computação para IA, enquanto os Estados Unidos e a China concentram impressionantes 80%.
A proposta da Espanha se destaca em um cenário competitivo, com 76 candidaturas de países como Alemanha, Dinamarca e Países Baixos. Uma primeira seleção de projetos deve ocorrer nos próximos meses, com detalhes adicionais a serem entregues pelos finalistas até dezembro de 2025. As fábricas selecionadas devem entrar em operação entre 2027 e 2028.
A posição favorável da Espanha é reforçada por sua capital, Barcelona, que se estabelece como um hub digital, ocupando a quinta colocação na Europa em investimentos em startups tecnológicas. Com centros de pesquisa como o Barcelona Supercomputing Center, que abriga o supercomputador mais potente da Espanha, a candidatura espanhola é respaldada por uma infraestrutura robusta em inovação e serviços digitais.
Entretanto, a proposta espanhola não dependerá apenas da quantidade de chips disponíveis, mas também da criação de uma "camada intermediária" de serviços que conecte a infraestrutura com o ecossistema econômico. Essa camada incluirá interfaces de acesso padronizadas, sistemas de gestão de recursos eficientes, suporte técnico especializado e infraestrutura de armazenamento de dados alinhada às normas de segurança europeias.
Embora a competição entre países seja evidente, as gigafábricas serão projetadas como infraestruturas europeias, promovendo uma governança conjunta e interoperabilidade entre os centros. Isto inclui a aquisição coletiva de componentes e a criação de redes colaborativas, visando reduzir a dependência de fabricantes estadunidenses.
O sucesso desse projeto ambicioso está atrelado à sua estratégia comercial, que poderá incluir serviços como o "Compute-as-a-Service", permitindo acesso flexível e escalável aos recursos. A meta não é apenas competir com gigantes como OpenAI, mas também fornecer suporte computacional a setores estratégicos, como biotecnologia e energia renovável.
Com um investimento total de 200 bilhões de euros previsto para todo o projeto e 20 bilhões reservados para as cinco gigafábricas, a Comissão Europeia está clara: a corrida pela soberania tecnológica não pode sofrer atrasos. Se selecionada, a gigafábrica em Tarragona promete não apenas oferecer potência de processamento, mas também uma arquitetura adaptável que responde às necessidades econômicas e tecnológicas do continente.