Divulgado às vésperas da reunião do G20, na África do Sul, um relatório ressalta que as desigualdades socioeconômicas estão elevando a probabilidade, letalidade e duração das pandemias. O estudo intitulado “Quebrando o Ciclo da Pandemia da Desigualdade, Construindo Segurança da Saúde na Era Global” foi coordenado pelo Conselho Global sobre Desigualdade, Aids e Pandemias e levou dois anos para ser elaborado.
O documento identifica a desigualdade como tanto uma causa quanto uma consequência de crises sanitárias, enfatizando que, sem intervenções decisivas, o mundo continuará preso em um ciclo vicioso de crises e pobreza. O relatório mostra que sociedades com maior desigualdade são mais suscetíveis a surtos e menos preparadas para respondê-los eficazmente. Durante a pandemia de Covid-19, países com altos índices de desigualdade apresentaram taxas de mortalidade mais elevadas e impactos econômicos devastadores.
A falta de acesso a serviços de saúde adequados, educação de qualidade e habitação digna contribuiu para o aumento das taxas de contágio e dificultou a recuperação após os surtos. Por outro lado, as pandemias acentuam as desigualdades, empurrando milhões de pessoas para a pobreza e ampliando a disparidade entre nações. Desde o início da pandemia, aproximadamente 165 milhões de indivíduos foram levados à pobreza extrema, enquanto a riqueza dos mais abastados cresceu consideravelmente.
Os grupos mais afetados incluem mulheres, trabalhadores informais e minorias étnicas, que sofreram demissões e perda de renda de forma mais acentuada. A desigualdade de gênero, social e econômica, segundo o relatório, impacta diretamente a capacidade de resposta de uma nação a emergências sanitárias.
Para romper esse ciclo de desigualdade e pandemias, os autores sugerem uma transformação estrutural, que inclui a eliminação de obstáculos financeiros para que países em desenvolvimento possam investir em saúde e proteção social. Além disso, propõem investimentos em determinantes sociais da saúde, acesso equitativo a tecnologia e medicamentos, e a construção de uma governança mais inclusiva que envolva comunidades locais nas decisões relacionadas à saúde pública.
O documento também destaca que o financiamento internacional para saúde está sendo drasticamente reduzido, o que pode afetar serviços essenciais. Com um apelo à ação coletiva, o relatório argumenta que as pandemias não são inevitáveis, mas sim fruto de escolhas políticas que favorecem a desigualdade. Os autores pedem que a segurança sanitária seja vista como uma questão de justiça global, propondo soluções que integrem saúde, economia e direitos humanos.
O relatório é apresentando como um guia para influenciar as discussões do G20, reforçando a necessidade de um compromisso internacional para um futuro mais seguro e equitativo. Assim, segundo Winnie Byanyima, diretora-executiva do Unaids, a redução das desigualdades é crucial para garantir um mundo mais saudável e justo.
Origem: Nações Unidas






