O conflito que já persiste há mais de dez anos no Iémen voltou a ser pauta em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira. O subscretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, fez um alerta sobre os “cortes severos” de financiamento que estão afetando as atividades destinadas a salvar vidas no país. Durante sua fala, ele enfatizou que, embora cada nação tenha autonomia sobre como alocar seus recursos, o fechamento acelerado de projetos humanitários está complicando ainda mais a situação no Iémen.
Fletcher solicitou que os coordenadores humanitários da ONU, tanto no Iémen quanto em outras nações, apresentem um relatório até a próxima semana, detalhando onde ocorrerão os cortes mais drásticos e quais serão as consequências para aqueles que dependem desses serviços.
O chefe humanitário também fez três pedidos ao Conselho: garantir acesso aos civis mais vulneráveis, assegurar financiamento para salvaguardar vidas e exercer pressão sobre as autoridades para a soltura de trabalhadores humanitários detidos de forma arbitrária no país.
Em menção ao Dia Internacional da Mulher, que se aproxima, Fletcher destacou a situação das mulheres e meninas no Iémen, que enfrentam um “retrocesso contínuo e deliberado” em questões de igualdade de gênero e são especialmente afetadas pelos cortes de orçamento. Ele mencionou a triste realidade de muitas delas, que podem ser forçadas a recorrer à prostituição, ao tráfico de pessoas e até à venda de seus filhos para sobreviver.
Atualmente, cerca de 9,6 milhões de iemenitas necessitam urgentemente de ajuda humanitária, em um contexto marcado pela fome, violência e um sistema de saúde em colapso. A taxa de mortalidade materna no Iémen é a mais alta do Oriente Médio, e mais de 6 milhões de pessoas enfrentam riscos de abuso e exploração, enquanto 1,5 milhão de meninas permanecem fora da escola.
Por fim, o enviado especial da ONU para o Iémen, Hans Grundberg, expressou sua preocupação com a crescente tensão no país, sugerindo que o medo de um retorno ao conflito total é real. Ele descreveu a retórica agressiva adotada pelas partes em conflito e alertou sobre recentes relatos de bombardeios e ataques em várias regiões, reiterando que ações militares poderiam levar a uma nova crise humanitária, onde os civis seriam novamente os que mais sofreriam.
Origem: Nações Unidas