A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, expressou grande preocupação com a escalada da violência nas aldeias do norte de Moçambique. Nos últimos quinze dias, quase 100 mil pessoas foram deslocadas devido a ataques de grupos armados, que invadiram comunidades e provocaram um aumento alarmante nas necessidades humanitárias. Muitas vítimas relataram a destruição de suas casas e a fuga apressada, muitas vezes à noite, em meio ao medo e ao pânico. Este contexto de violência forçou famílias a deixarem seus lares sem documentos e acesso a serviços básicos, expondo-as a riscos significativos, incluindo violência sexual e de gênero, especialmente mulheres e meninas.
O cenário relatado pelas vítimas é de desespero, com familiares se perdendo em meio à fuga e vários deslocados enfrentando essa situação pela segunda ou terceira vez neste ano. A falta de rotas seguras e o caos nas áreas de acolhimento agravam ainda mais a situação. O Acnur destaca que a resposta atual dos agentes humanitários é inadequada diante da escala de assistência necessária, com muitas pessoas sem abrigo seguro, o que aumenta a vulnerabilidade, especialmente de crianças e pessoas com deficiência.
Isadora Zoni, oficial de comunicação do Acnur, compartilhou relatos emocionantes de mães que fugiram com seus filhos recém-nascidos ou enfrentaram a dor física durante a fuga. O Acnur estima que precisará de US$ 38,2 milhões até 2026 para atender às crescentes demandas de proteção nesta região crítica. O apoio humanitário é urgente e, em colaboração com autoridades locais, estão sendo implementadas medidas para ajudar as vítimas, incluindo a distribuição de materiais de dignidade e apoio a famílias na recuperação de documentos perdidos. Desde o início da crise em 2017, mais de 1,3 milhão de pessoas já foram deslocadas, e a situação continua a se deteriorar, com os ataques alcançando novas áreas, como a província de Nampula, ameaçando ainda mais comunidades.
Origem: Nações Unidas




