Um incêndio em baterias no Serviço Nacional de Recursos de Informação (NIRS) em Daejeon, ocorrido no dia 26 de setembro, resultou em uma das maiores perdas de dados já registradas em uma administração moderna: 858 TB de informações do G-Drive, a plataforma de armazenamento online para funcionários, foram completamente destruídos e sem backup disponível. O desastre afetou 96 sistemas governamentais, sendo que apenas 95 possuíam respaldo. O único que não tinha uma cópia de segurança, o G-Drive, continha materiais de trabalho de 125.000 servidores públicos de 74 ministérios, representando cerca de 17% do funcionalismo central.
O foco do incêndio foi localizado em uma sala que abrigava 384 pacotes de baterias, devastando grande parte da planta e interrompendo serviços críticos, como correio oficial, posto de atendimento online, sites ministeriais, o sistema de queixas e pedidos, além de ter gerado impactos até mesmo no 119, serviço de emergência. Seis dias após o incidente, apenas 16-18% dos 647 sistemas na sede haviam sido restaurados, enquanto o G-Drive permanecia irrecuperável devido à total ausência de backups.
O G-Drive, criado em 2017 para centralizar documentos e melhorar a segurança, substituiu gradualmente o armazenamento local. Uma diretriz do Ministério do Interior e Segurança desaconselhava o armazenamento de dados nos PCs de escritório em favor da nova plataforma. No entanto, a ausência de um sistema robusto de backup resulta em uma contradição alarmante: o serviço recomendado para a proteção da documentação não tinha respaldo. Um funcionário do ministério justificou que não era possível ter cópias devido à “grande capacidade” do sistema. Contudo, em um ambiente de data center, 858 TB não é uma quantidade incomum.
As repercussões são significativas em setores como a Gestão de Pessoal, que utilizava intensivamente o G-Drive; é provável que oito anos de documentos essenciais, incluindo atas internas e dados pessoais, tenham sido perdidos. Além disso, a Auditoria da Assembleia Nacional pode ser afetada pela impossibilidade de fornecer a documentação solicitada.
Em relação a backups, o NIRS destacou que, antes do incêndio, 62% dos sistemas eram respaldados diariamente, enquanto 38% realizavam backups mensais, em alguns casos com a última cópia ocorrendo em 31 de agosto, resultando na perda de todos os dados de setembro para esses serviços. Em meio a esse cenário, o depósito adjacente à sala afetada, onde estavam localizados repositórios essenciais, ficou inacessível devido à poeira e cinzas, atrasando ainda mais a recuperação. O plano oficial é migrar os 96 sistemas comprometidos para a sede em Daegu, com uma previsão inicial de quatro semanas, mas especialistas sugerem que esse cronograma pode ser superado.
A justificativa de que a capacidade era um obstáculo para o backup é tecnicamente insustentável em 2025. Abordagens eficazes e testadas para a gestão de grandes volumes de dados incluem estratégias como a regra 3-2-1 e replicação síncrona entre diferentes data centers.
No entanto, o incêndio transcende uma simples falha elétrica; ele expõe lacunas sistêmicas em design, governança e operação. Uma avaliação adequada do risco deve ser realizada, assim como um plano de recuperação de desastres abrangente que inclui práticas de monitoramento e auditoria.
Embora o incêndio não tenha causado vítimas diretas, um funcionário que estava envolvido na recuperação da situação cometeu suicídio, um trágico lembrete das consequências pessoais que podem surgir de desastres tecnológicos. Quatro pessoas foram detidas sob suspeita de negligência criminal. A oposição política questiona a falta de manuais e auditorias, exigindo responsabilidade e melhorias significativas para evitar que tragédias dessa natureza ocorram novamente no futuro.






