O Conselho de Segurança da ONU ouviu, nesta terça-feira, a coordenadora da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Sigrid Kaag, sobre a atual situação na região. Kaag destacou uma transformação rápida que pode representar a “última chance” para a criação de dois Estados, Israel e Palestina, coexistindo pacificamente.
Durante sua apresentação, a coordenadora reportou avanços no acordo de cessar-fogo, como a libertação de 34 reféns israelenses e 1.135 palestinos, mas fez um alerta sobre os “desfiles públicos” promovidos pelo Hamas durante o processo de libertação. Sigrid também expressou preocupações com os abusos relatados por reféns e palestinos detidos em Israel.
Noa Argamani, uma ex-refém do Hamas sequestrada em outubro de 2023, compartilhou sua experiência traumática e pediu que todos os reféns ainda em Gaza sejam resgatados. Ela estima que 63 sequestrados permanecem na região, incluindo seu próprio companheiro.
Kaag reiterou a necessidade de um compromisso de ambas as partes para concluir as negociações para a segunda fase do cessar-fogo, ressaltando que a ONU está disposta a ajudar na reconstrução, enquanto questiona a legitimidade de qualquer deslocamento forçado de população.
A coordenadora também mencionou a significativa ajuda humanitária que tem sido intensificada nas últimas semanas, incluindo uma campanha de vacinação contra a poliomielite que já alcançou mais de 540 mil crianças em Gaza. Além disso, as evacuações médicas para o Egito foram retomadas, permitindo que 889 pacientes fossem transferidos desde o início de fevereiro.
No entanto, Sigrid expressou preocupação com a escalada de violência na Cisjordânia, evidenciada por operações militares e bombardeios, além do aumento da construção de assentamentos israelenses, que ameaçam a viabilidade de um futuro Estado palestino.
Por fim, ela delineou três medidas essenciais para o futuro de Gaza: garantir a inclusão do enclave em um futuro Estado Palestino, promover a unificação política e administrativa entre Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, e prevenir uma presença militar israelense de longo prazo na região, enquanto se asseguram as preocupações legítimas de segurança de Israel. Kaag pediu um comprometimento internacional para o fim da ocupação e uma resolução pacífica do conflito, conforme estipulado nas resoluções da ONU e no direito internacional.
Origem: Nações Unidas