O governo da República Democrática do Congo, juntamente com agências humanitárias da ONU e parceiros internacionais, anunciou nesta quinta-feira o lançamento do Plano de Resposta Humanitária de 2025, que visa arrecadar US$ 2,54 bilhões. O objetivo é oferecer assistência vital a 11 milhões de pessoas no país, sendo 7,8 milhões de deslocados internos, um dos maiores índices de deslocamento global. O aumento nos deslocamentos foi exacerbado pela ofensiva do grupo rebelde M23, que intensificou a crise humanitária, especialmente nas províncias do leste.
A RDC enfrenta uma situação crítica marcada por desastres naturais e epidemias, com aproximadamente 21,2 milhões de cidadãos afetados. Três fatores principais agravam essa instabilidade: a escalada da violência em Ituri e Tanganica, a ocupação de áreas por autoridades de facto nas províncias de Kivu do Norte e do Sul, e a crise de financiamento que tem dificultado a entrega de assistência essencial. Bruno Lemarquis, coordenador humanitário da ONU no país, destacou que “todos os sinais de alerta vermelho estão piscando”, enfatizando a necessidade urgente de apoio.
A escassez de recursos financeiros se tornou um tema preocupante, com Lemarquis afirmando que a RDC se encontra em uma “encruzilhada”. Ele alertou que a falta de mobilização internacional pode fazer com que as necessidades humanitárias aumentem e afetem ainda mais a estabilidade na região. Em 2024, um financiamento recorde de US$ 1,3 bilhão possibilitou a assistência a mais de 7,1 milhões de pessoas, com destaque para os Estados Unidos, que foram responsáveis por 70% desse total.
Além disso, nesta quinta-feira, Jean-Pierre Lacroix, subsecretário-geral da ONU para Operações de Paz, iniciou uma visita à RDC, onde participará de reuniões com autoridades locais e parceiros internacionais. Lacroix abordará a implementação da Resolução 2773 do Conselho de Segurança, que exige a interrupção dos ataques pelo M23 e a retirada das Forças de Defesa de Ruanda do território congolês.
A situação econômica do país também é alarmante, com a previsão de uma possível retração de até 7% se a violência persistir, conforme indicado por Damien Mama, representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Com os preços dos bens essenciais dobrando em menos de um mês devido às interrupções nas cadeias de suprimento, mais de 4,4 milhões de pessoas já estão enfrentando sérias dificuldades, o que teve um efeito dominó na economia regional, com aumento no número de refugiados e comércio paralisado.
Origem: Nações Unidas