Um novo estudo realizado por uma equipe de pesquisadores do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em colaboração com 15 institutos europeus, aponta para a importância da geolocalização precisa das embarcações de pesca. Intitulado “Implications of low temporal resolution of vessel tracking systems”, o artigo científico busca responder à questão vital: por que a localização precisa das embarcações é fundamental?
Os pesquisadores destacam que a frequência com que a posição das embarcações é registrada influencia diretamente a qualidade das informações utilizadas para a gestão sustentável dos recursos marinhos. A pesquisa revelou que intervalos longos entre os registros de posição comprometem gravemente a precisão dos dados obtidos. Entre os impactos principais identificados estão a representação inadequada do esforço de pesca, limitações na precisão dos métodos de inferência das atividades de pesca, dificuldades em comprovar conformidade legal, além de conflitos no ordenamento marítimo.
Adicionalmente, o estudo ressalta que análises imprecisas sobre o risco de capturas acessórias e viés na projeção espacial das atividades de pesca podem afetar os índices de abundância, com repercussões na avaliação de estoques e na mortalidade dos recursos.
Diante da nova legislação europeia que exige a monitorização de todas as embarcações de pesca, inclusive as de pequeno porte, o estudo apresenta recomendações específicas. Para a pequena pesca e artes passivas, sugere-se uma frequência mínima de registro de 30 segundos, enquanto para pesca de maior escala com artes ativas, a frequência ideal deve ser de poucos minutos, ajustando-se de acordo com o tipo de arte utilizada.
Os autores enfatizam a necessidade de apoiar a tecnologia e envolver o setor pesqueiro para garantir viabilidade e sucesso a longo prazo. Este trabalho fornece fundamentos científicos essenciais para formuladores de políticas, sublinhando a urgência de estabelecer intervalos mínimos adaptados a cada segmento da frota, assegurando assim a gestão sustentável dos recursos marinhos e a proteção dos ecossistemas.
Origem: Instituto Português do Mar e da Atmosfera