O Banco da Inglaterra (BoE) anunciou a redução de 25 pontos base nas taxas de juros, fixando-as em 4,5%, em uma tentativa de equilibrar a luta contra a inflação com o crescimento econômico. Essa decisão foi tomada durante a reunião do Comitê de Política Monetária (MPC) no dia 5 de fevereiro de 2025, com a maioria dos membros votando a favor da medida, enquanto dois deles defendiam um corte mais agressivo de 50 pontos base.
O BoE disse que, apesar dos avanços na redução da inflação nos últimos dois anos, ainda existem pressões inflacionárias internas. Isso justifica um enfoque gradual e cauteloso na retirada das restrições monetárias.
Entre os fatores que influenciaram essa decisão estão os seguintes:
Progresso na desinflação: A inflação geral, medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI), ficou em 2,5% no quarto trimestre de 2024, embora se projete um aumento para 3,7% no terceiro trimestre de 2025, impulsionado por crescimentos nos custos de energia e alterações em preços regulados. O banco está confiante de que a inflação retornará ao objetivo de 2% em 2026 e 2027.
Fraqueza do crescimento econômico: O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu menos do que o esperado nos últimos meses, com uma contração estimada de 0,1% no quarto trimestre de 2024 e uma leve recuperação de 0,1% no primeiro trimestre de 2025. Indicadores de confiança empresarial e do consumidor caíram, levando o BoE a revisar para baixo suas previsões de crescimento para 2025.
- Mercado de trabalho equilibrado: A demanda por empregos diminuiu, com sinais de moderação nos salários, embora o crescimento da produtividade esteja abaixo do esperado. O BoE acredita que o mercado de trabalho está atualmente equilibrado.
O BoE não descartou novos cortes de juros no futuro, mas enfatizou que isso dependerá da evolução da inflação e da atividade econômica. A incerteza permanece elevada, e o Comitê alertou sobre os riscos seguintes:
Persistência inflacionária: Se a inflação permanecer alta devido a fatores estruturais, o Banco poderá adiar os cortes ou segurar os juros em níveis mais altos por um período mais prolongado.
Fraqueza na demanda: Caso a economia apresente mais sinais de desaceleração, pode ser necessário um enfoque menos restritivo, com cortes adicionais nas taxas de juros.
- Impacto do ambiente global: Fatores como os custos energéticos, a política fiscal dos EUA e a evolução do comércio internacional também podem influenciar a trajetória da inflação e a política monetária no Reino Unido.
Analistas da Hargreaves Lansdown apontaram que a revisão para baixo das previsões de crescimento abre espaço para múltiplos cortes de juros em 2025. Os mercados já incorporam a possibilidade de que a taxa de referência caia para 3,75% em dezembro, implicando três cortes adicionais ao longo do ano.
Entretanto, a velocidade desses cortes dependerá de como a economia responderá nos próximos meses. Embora o BoE mantenha uma abordagem cautelosa, o mercado espera que a política monetária comece a se flexibilizar gradualmente a partir do verão, conforme a evolução da inflação e do crescimento econômico.
Este corte de juros para 4,5% pode marcar o início de um ciclo de suavização monetária no Reino Unido. No entanto, o Banco da Inglaterra deixou claro que as mudanças serão progressivas e estarão baseadas nos dados econômicos. Em um cenário de incerteza global e com a inflação ainda acima da meta, o BoE opta por uma estratégia prudente, mantendo a possibilidade de novos cortes, mas avaliando cada decisão reunião a reunião. Nos próximos meses, investidores e empresas estarão atentos à evolução da inflação e do crescimento, assim como às próximas reuniões do Comitê de Política Monetária, com o próximo anúncio previsto para 20 de março de 2025.