O alto-comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, alertou sobre a crescente turbulência e imprevisibilidade que o mundo enfrenta, marcando a existência de 120 conflitos ativos e uma ordem internacional ameaçada. Durante seu discurso no Conselho de Direitos Humanos, Turk enfatizou que não se pode permitir que as normas e instituições internacionais, estabelecidas ao longo de décadas, desmoronem.
Turk destacou o crescente controle exercido por indivíduos e corporações sobre a vida das pessoas, ressaltando que um poder não regulamentado pode resultar em opressão e tirania. Ele expressou preocupação com o domínio de oligarcas do setor tecnológico que possuem informações sensíveis de milhões de cidadãos, promovendo a manipulação e exigindo que os Estados se adaptem rapidamente para proteger seus cidadãos desse “poder irrestrito”.
O alto comissário também evidenciou como o caos resultante de conflitos serve a autocratas e demagogos, que utilizam táticas de divisão e exploração. Ele declarou que o impacto dos conflitos se reflete em aspectos do cotidiano, desde produtos até a informação consumida pelas pessoas. Em suas observações, Turk colocou a responsabilidade nas mãos de todos para agirem na promoção da paz por meio de hábitos de consumo e engajamento político.
Além disso, Turk manifestou uma crescente preocupação com as campanhas eleitorais que simplificam questões complexas, ressaltando a desumanização como um precursor do ódio. Ele denunciou a resurreição de estereótipos de gênero adversos e a glorificação da “masculinidade tóxica” nas redes sociais, que contribuem para a violência contra mulheres e defensores dos direitos femininos.
O alto-comissário condenou a violação flagrante das normas legais em conflitos, afirmando que é “escandaloso” que as estruturas criadas para proteger civis sejam sistematicamente ignoradas. No contexto da guerra na Ucrânia, Turk se opôs a qualquer acordo de paz que excluísse o país, insistindo que a paz deve se basear na Carta das Nações Unidas.
Finalmente, Turk abordou a situação no Gaza, pedindo a manutenção do frágil cessar-fogo e a retoma imediata da assistência humanitária, em resposta à suspensão do fluxo de ajuda por parte de Israel. Tom Fletcher, chefe de ajuda humanitária da ONU, também manifestou preocupação com a decisão de Israel, ressaltando a necessidade de preservar o cessar-fogo.
Origem: Nações Unidas