AMD redefine sua estratégia com novos aceleradores gráficos para HPC e IA
A AMD está passando por uma reestruturação significativa em sua linha de aceleradores de computação, com lançamento previsto para a segunda metade de 2026 de dois novos modelos da série Instinct MI400. De acordo com informações da SemiAnalysis, a empresa adotará uma clara diferenciação entre cargas de trabalho de supercomputação (HPC) e Inteligência Artificial (IA) para maximizar o desempenho em cada área.
Os novos modelos – MI430X e MI450X – foram desenhados especificamente: o MI430X será voltado para cargas HPC, oferecendo cálculos em ponto flutuante de alta precisão (FP64 e FP32), enquanto o MI450X focará em tarefas de IA, suportando apenas formatos de menor precisão, como FP8, FP4 e BF16. Ambos os chips utilizarão arquiteturas personalizadas baseadas em CDNA Next, eliminando o suporte cruzado para otimizar o espaço e a eficiência no silício.
Essa mudança representa uma ruptura com a abordagem atual da AMD, onde modelos como MI300 e MI325 são soluções universais, resultando em compromissos de desempenho.
No que diz respeito às interconexões, a AMD introduzirá o UALink, que visa competir com a NVLink da NVIDIA, permitindo a conexão direta entre múltiplas GPUs. Porém, a empresa enfrenta limitações na prática: em 2026, não haverá switches UALink comerciais disponíveis, obrigando a AMD a usar topologias simples, como mesh ou torus, e restringindo a conectividade a quatro GPUs ponto a ponto.
Além disso, a falta de um grupo próprio de desenvolvimento de switches UALink faz com que a AMD dependa de fornecedores como Astera Labs, Broadcom, Enfabrica e Auradine, cujos avanços têm sido mais lentos do que esperado.
Enquanto isso, o padrão Ultra Ethernet (UEC) está progredindo rapidamente e já conta com switches comerciais, sendo adotado por grandes fabricantes para comunicações de alto desempenho. A AMD prevê o lançamento de variantes como MI450X IF64 e MI450X IF128, que utilizarão o Infinity Fabric sobre Ethernet, em uma tentativa de competir com plataformas como a NVIDIA VR200 NVL144.
O MI430X terá relevância em centros de supercomputação e simulações científicas, enquanto o MI450X se concentrará em modelos de IA generativa e treinamento de grandes LLMs. A separação das funções não apenas reduz a complexidade, mas também permite à AMD otimizar consumo energético, desempenho e densidade.
Entretanto, a falta de switches UALink que possibilitem escalar verticalmente o MI430X pode limitar sua adoção em aplicações maiores. Assim, a estratégia em larga escala da AMD parece estar voltada para a integração do MI450X com redes Ethernet avançadas, especialmente em ambientes de IA na nuvem.