Durante décadas, a ostra pérola raiada (Pinctada imbricata radiata) prosperou silenciosamente sob as ondas do Mediterrâneo. Apesar de sua abundância, essa ostra não estava presente nos mercados gregos, não por falta de qualidade, mas porque a legislação grega não a reconhecia oficialmente como uma espécie comercial. Graças a uma iniciativa liderada pela Universidade de Patras e apoiada pelo Fundo Europeu Marítimo e de Pescas (EMFF), esse cenário começou a mudar. A equipe preencheu a lacuna legislativa para a pesca dessa ostra, que agora está sendo desenvolvida em novos produtos do mar, oferecendo uma fonte adicional de renda para os pescadores locais à medida que as reservas nativas diminuem.
Embora nativa da região indo-pacífico, a ostra pérola raiada se adaptou bem aos ecossistemas mediterrâneos. Apesar de ser uma espécie não nativa, sua abundância contrasta com a luta das ostras nativas, que enfrentam a combinação de mudanças climáticas e sobrepesca. A ostra raiada, vivendo em uma zona cinzenta legal e não regulamentada, frequentemente sofre com rotulagem inadequada e vendas ilícitas, resultando em um potencial amplamente ignorado.
A equipe multidisciplinar da Universidade de Patras, composta por biólogos, tecnólogos de alimentos, economistas e especialistas em regulamentação, uniu-se com a missão de integrar a ostra pérola raiada nas pescas comerciais gregas. Eles mapearam os estoques selvagens, identificaram zonas seguras para a colheita e analisaram perfis nutricionais para assegurar qualidade e segurança. Pesquisadores de mercado conversaram com restaurateurs, varejistas e consumidores, descobrindo um interesse por essa iguaria de origem responsável. Especialistas em processamento realizaram testes que mostraram que a defumação e a salga poderiam aumentar as receitas dos pescadores sem grandes custos de capital. Propostas de regulamentação sobre tamanho mínimo, temporadas de captura e rastreabilidade foram apresentadas às autoridades gregas, respaldadas por evidências rigorosamente revisadas por pares.
Com a base legal estabelecida, o governo grego emitiu a primeira cota piloto para a pesca da ostra pérola raiada. Ostras defumadas logo apareceram em restaurantes locais, gerando nova renda para os pescadores. A história da ostra pérola raiada está apenas começando, e os próximos passos incluem refinar as linhas de processamento, expandir a infraestrutura terrestre, consolidar o código de colheita na legislação e explorar mercados de exportação. A parceria entre cientistas, autoridades públicas e a comunidade pesqueira criou um modelo para a gestão sustentável de espécies não indígenas, um exemplo que pode ser replicado por toda a bacia do Mediterrâneo.
Origem: Oceanos e pescas Europa