Andaluzia enfrenta desafios na expansão digital devido a limitações da rede elétrica
Andaluzia, uma das regiões com maior potencial para se tornar uma potência digital na Espanha, enfrenta restrições significativas em sua infraestrutura elétrica. Desde 2022, a Endesa recebeu 305 pedidos para a construção de centros de dados na região, totalizando uma demanda de 5.133 megawatts (MW). No entanto, surpreendentes 48% dessas solicitações, correspondendo a 2.313 MW, são consideradas inviáveis não por falta de investidores ou espaço, mas pela incapacidade de conexão à rede de alta tensão.
As implicações econômicas são enormes. De acordo com aSpain DC, a região pode perder um investimento direto estimado em 27.756 milhões de euros e um investimento indireto de 46.260 milhões de euros, totalizando mais de 74.000 milhões de euros bloqueados por uma infraestrutura elétrica inadequada para atender ao crescimento digital que Andaluzia demanda.
A Junta de Andaluzia já tomou providências ao solicitar ao governo central a construção de seis subestações novas, 88 posições adicionais e oito linhas de duplo circuito, com um orçamento estimado de 544 milhões de euros entre 2025 e 2030. Contudo, sem esses projetos, a Endesa e outros operadores não conseguem avançar na construção de novas estações de média tensão.
Atualmente, apenas 32% dos projetos (2.200 MW) foram validados. Dentro desse número, há desistências de solicitantes devido à incerteza energética e regulatória. Outros 20% dos pedidos ainda estão na fase de estudo ou foram rejeitados por problemas documentais.
Sevilha e Málaga estão entre as cidades com mais solicitações, liderando o caminho. Sevilha, com 20 pedidos, destaca-se na área metropolitana, enquanto Málaga, com 13, atrai investimentos dos centros urbanos aos subúrbios.
Begoña Villacís, diretora executiva da Spain DC, enfatiza a importância dos centros de dados na vida moderna: "Desde o WhatsApp de manhã até pagamentos por bizum, tudo passa por um centro de dados." E ela ressalta que Andaluzia possui as condições ideais para estabelecer-se como uma potência digital na Europa, mas adverte que o verdadeiro obstáculo está mais na distribuição do que na produção de energia.
Além dos desafios infraestruturais, o setor enfrenta também uma escassez de profissionais qualificados. Em 2023, foram identificados 140 perfis profissionais em alta demanda, como eletricidade, refrigeração e cibersegurança. Espera-se que programas de formação, em colaboração com universidades, ajudem a preencher essa lacuna.
Enquanto Madrid e Catalunha dominam o setor de centros de dados, regiões como Aragão e Extremadura estão ganhando espaço, impulsionadas por apoio institucional e disponibilidade de terreno. Andaluzia, se conseguir superar as limitações elétricas, tem o potencial de se tornar um líder nesse setor.
"Não podemos permitir que esta oportunidade histórica se perca. Andaluzia e a Espanha estão prontas para serem referências em digitalização e sustentabilidade, mas é necessária uma mudança decisiva por parte das administrações", conclui Villacís.