A Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência (CNMC) publicou um relatório abrangente sobre o estado da interconexão IP na Espanha, ressaltando a importância desse aspecto para a compreensão do tráfego de internet no país. O estudo aborda conceitos como peering, trânsito IP, pontos de intercâmbio (IXPs) e sistemas autônomos (AS), além de detalhar volumes de tráfego e a distribuição geográfica das conexões.
De acordo com o relatório, 78,87% das interconexões se referem a peering gratuito, evidenciando a relevância de acordos entre operadores sem compensação financeira. Em contraste, 20,19% ocorre via trânsito, enquanto apenas 0,94% é representado por peering pago.
O número de interconexões, no entanto, não se traduz necessariamente em volume de dados. O estudo revela que 55,95% do total de tráfego é gerenciado via trânsito, em comparação com 43,25% por peering gratuito e 0,80% por peering pago. Essa dinâmica é em parte impulsionada por grandes operadores como a Telefónica, que através da Telxius, e a Orange, com a OpenTransit, utilizam subsidiárias especializadas na gestão do trânsito internacional.
A CNMC também analisou a distribuição geográfica das interconexões, destacando que Madrid concentra a maioria, sendo o principal hub de telecomunicações da Espanha. Outras províncias desempenham papéis mais limitados, embora a diversificação esteja aumentando com o desenvolvimento de redes regionais e a chegada de novos centros de dados.
No tocante ao tráfego de peering, 80,85% corresponde ao peering privado, enquanto 19,15% transita por pontos de intercâmbio públicos, evidenciando que, embora os IXPs como DE-CIX Madrid e ESPANIX sejam relevantes, os acordos bilaterais entre operadores continuam sendo fundamentais para a interconexão nacional.
O relatório ainda menciona que os quatro principais operadores espanhóis gerenciam um tráfego de entrada agregado de 30,85 Tbit/s e um de saída de 6,31 Tbit/s, com números significativos também entre operadores menores.
Por último, a CNMC sublinha a crescente importância das Redes de Distribuição de Conteúdo (CDNs) em redes on-net, com uma capacidade máxima de 15,27 Tbit/s para entrega de conteúdos. Esses dados ressaltam a necessidade de alocar conteúdos o mais próximo possível do usuário final para melhorar a eficiência e reduzir a latência.
Com o crescimento dos centros de dados na Espanha e o aumento do tráfego por aplicações de IA e vídeo, o relatório da CNMC destaca um ecossistema maduro, mas também apresenta desafios quanto à diversificação e resiliência do sistema.