A crescente demanda por minerais, especialmente o ouro, está ampliando os riscos de crimes, corrupção e instabilidade em diversas regiões do mundo, conforme aponta um novo estudo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). A agência revelou que a mineração ilegal de ouro não só impacta negativamente o meio ambiente, com o uso de produtos químicos perigosos, como mercúrio, mas também causa desmatamento e despejo ilegal de resíduos.
O estudo destaca que, na América Latina, facções ligadas ao tráfico de drogas estão se infiltrando no setor mineral, atraídas pelo alto valor do ouro e pela lucratividade do crime. Na Bacia do Rio Tapajós, no Brasil, dois terços da produção de ouro são ilegais, uma situação que se agravou nas últimas décadas com o aumento de 625% nas áreas de mineração em terras indígenas.
Os dados também indicam que a atividade ilícita é muitas vezes associada à lavagem de dinheiro vinculada ao tráfico de entorpecentes. Além da degradação ambiental, a saúde pública dos povos indígenas está em risco, uma vez que são afetados pela poluição resultante de incêndios florestais, frequentemente associados à mineração ilegal.
Outro aspecto alarmante é o tráfico humano para trabalho forçado nas áreas de garimpo. A pesquisa do Unodc revelou que 40% dos garimpeiros entrevistados podem ser vítimas de tráfico humano. As condições de trabalho são precárias, com uma média de 12,5 horas diárias e 71% dos trabalhadores relatando problemas de saúde mental. Casos de violência de gênero e exploração sexual de mulheres e meninas também são reportados nas áreas de mineração.
Diante desse cenário, a chefe de Pesquisa e Análise do Unodc, Angela Me, ressaltou a necessidade de melhores dados e uma maior harmonização das legislações globais para enfrentar efetivamente a exploração criminosa no setor de mineração. A situação exige uma resposta urgente e coordenada para proteger não apenas o meio ambiente, mas também as comunidades vulneráveis afetadas por essas atividades.
Origem: Nações Unidas