No mundo empresarial, especialmente nas operações de fusões e aquisições (M&A), compreender a diferença entre liquidez e solvência é crucial para evitar riscos e tomar decisões eficazes. Embora ambos os termos estejam relacionados à capacidade financeira de uma organização, suas abordagens são distintas e complementares.
A liquidez refere-se à capacidade de uma empresa de cumprir suas obrigações de curto prazo. Em termos simples, é a disponibilidade imediata de dinheiro ou ativos líquidos para cobrir pagamentos a fornecedores, salários e outras necessidades imediatas. Os principais indicadores de liquidez incluem o índice de liquidez, que é a relação entre ativos circulantes e passivos circulantes, a prova ácida, que considera os ativos circulantes menos inventário em relação aos passivos circulantes, o ciclo de conversão de caixa, que mede a eficiência em transformar inventários e contas a receber em dinheiro, e o capital de giro, que é a diferença entre ativos circulantes e passivos circulantes.
Por outro lado, a solvência mede a capacidade de uma empresa de cumprir suas obrigações financeiras a longo prazo. Está relacionada à estabilidade financeira geral e à capacidade de assumir dívidas e compromissos futuros sem comprometer a continuidade do negócio. Entre os indicadores chave de solvência estão o índice de solvência, a relação entre ativos totais e passivos totais, o índice de alavancagem, que compara a dívida total com o patrimônio líquido, e a cobertura de juros, que relaciona o lucro antes de juros e impostos (EBIT) com as despesas financeiras.
Uma questão importante surge: é possível ter solvência sem liquidez? Sim, uma empresa pode ter ativos valiosos, como propriedades e equipamentos, refletindo sua solvência, mas enfrentar dificuldades devido à falta de caixa para pagamentos imediatos. Da mesma forma, pode-se ter liquidez sem ser solvente. Um negócio que recebeu um grande empréstimo pode ter dinheiro em caixa, mas se suas dívidas superam o valor dos ativos, sua sustentabilidade financeira a longo prazo está comprometida.
A análise desses dois aspectos é vital em operações de M&A. Empresas com baixa liquidez podem ter dificuldades operacionais no curto prazo, necessitando de financiamento externo, o que reduz seu apelo para potenciais compradores. Enquanto isso, uma empresa com baixa solvência pode ser vista como um investimento arriscado devido ao seu alto endividamento e instabilidade.
Portanto, durante uma negociação, é fundamental que o vendedor avalie a liquidez e a solvência do comprador, evitando acordos com pagamentos atrasados ou «earn-outs» que podem nunca ser realizados. O processo de due diligence deve ser realizado tanto pelo comprador em relação ao vendedor quanto vice-versa, uma prática que muitos ainda não adotam.
Resumidamente, enquanto a liquidez se concentra na capacidade de pagamento imediato, a solvência aborda a sustentabilidade financeira ao longo do tempo. Ambos os conceitos são essenciais para garantir o sucesso e a estabilidade de qualquer operação empresarial.