As autoridades do Irã são acusadas de perpetrar graves violações dos direitos humanos, com algumas ações suscetíveis de serem classificadas como crimes contra a humanidade, segundo um novo relatório apresentado em Genebra por especialistas da Missão Internacional Independente de Apuração dos Fatos sobre o Irã. O documento, elaborado por um grupo estabelecido pelo Conselho de Direitos Humanos, destaca a persistência da repressão e vigilância no país desde a morte de Mahsa Amini, em setembro de 2022, quando foi detida por não utilizar o hijab de maneira apropriada.
Sara Hossain, presidente da Missão, relatou que foram recolhidos testemunhos de vítimas tanto dentro quanto fora do Irã. O relatório revela práticas de tortura psicológica, onde homens, mulheres e até crianças foram mantidos sob a ameaça de armas, com laços amarrados ao redor do pescoço. Esta forma de repressão intensificou-se desde os protestos de 2022 e 2024, quando o governo iraniano tem adotado medidas rigorosas para restringir os direitos civis e silenciar as críticas.
Além disso, Hossain ressaltou que minorias étnicas, como a comunidade curdo-iraniana, têm sido alvo de uma repressão exacerbada. A jovem Mahsa Amini, de origem curda, foi símbolo dos protestos após sua morte, e há relatos de detenções de crianças, algumas com apenas sete anos, no contexto de uma ofensiva contra manifestantes e dissidentes do regime.
Desde abril de 2024, o número de julgamentos contra mulheres que resistem ao uso obrigatório do véu tem aumentado, com defensoras dos direitos humanos enfrentando sanções severas, incluindo prisões e penas de morte. O Irã foi classificado como o país com o maior número de execuções pelo uso da pena capital em 2023.
No que tange à repressão digital, Shaheen Sardar Ali, outro membro da Comissão, afirmou que o governo iraniano tem utilizado softwares avançados para investigar e silenciar familiares de vítimas dos protestos, dificultando tributos à memória dos falecidos. Funcionalidades de plataformas sociais, como o Instagram, estão sendo monitoradas e contas têm sido fechadas, refletindo uma estratégia ampla para controle da informação e da oposição. Apesar de promessas de alívio nas normas sobre o uso do véu, a repressão continua, com um número crescente de homens enfrentando a pena de morte sem a garantia de um julgamento justo.
Origem: Nações Unidas