Um relatório da ONU, divulgado na última quinta-feira, destacou um alarmante padrão de detenção arbitrária, tortura e maus-tratos perpetrados pelas Forças de Apoio Rápido e pelas Forças Armadas Sudanesas no Estado de Cartum, Sudão. Desde o início do conflito em abril de 2023, mais de 30 mil pessoas, incluindo crianças, mulheres e homens, estão sob custódia sem acusação formal, enfrentando condições desumanas e escasso contato com suas famílias.
O alto comissário para Direitos Humanos da ONU, Volker Türk, expressou profunda preocupação com as denúncias, enfatizando que as práticas relatadas violam gravemente os direitos humanos. Ele ressaltou que ninguém deve ser privado de liberdade sem um devido processo legal, e que a tortura e o tratamento cruel são inaceitáveis sob qualquer circunstância.
O relatório foi elaborado com base em entrevistas com mais de 30 ex-detidos e testemunhas que relataram casos de tortura, agressões físicas severas e até mortes de prisioneiros devido à falta de assistência médica. As atrocidades foram documentadas tanto nas instalações das Forças Armadas do Sudão quanto nas dos paramilitares do RSF. Testemunhos revelaram que crianças de apenas 14 anos foram forçadas a atuar como guardas e que menores de 13 anos foram detidos juntamente com adultos, em condições deploráveis.
Além disso, as informações indicam uma discriminação sistemática baseada em etnia e afiliação a grupos rebeldes, com indivíduos das regiões de Darfur e Kordofan sendo particularmente visados. Torturas e maus-tratos foram mais recorrentes entre pessoas de tribos africanas, enquanto aqueles de Darfur e Kordofan enfrentaram detenções motivadas por suposições sobre sua ligação com a RSF.
A falta de informações sobre o destino dos detidos também levanta sérias questões sobre o desaparecimento forçado. Famílias que buscam informações sobre seus entes queridos muitas vezes são desencorajadas a continuar as buscas, levando, em alguns casos, ao trágico descobrimento de mortes sob custódia.
Diante da gravidade da situação, a ONU apelou para o fim imediato da violência entre as partes envolvidas e solicitou a intervenção da comunidade internacional para combater as práticas de detenção arbitrária e outras violações dos direitos humanos.
Origem: Nações Unidas