A inteligência artificial (IA) transformou-se de uma promessa futurista em um dos principais motores da indústria de jogos eletrônicos. Um estudo recente realizado pela Google Cloud em parceria com a The Harris Poll, apresentado na devcom developer conference 2025, revela que nove em cada dez desenvolvedores já utilizam IA em seus processos, e 97% acreditam que essa tecnologia está revolucionando o setor.
O relatório, baseado em entrevistas com 615 desenvolvedores dos Estados Unidos, Coreia do Sul, Noruega, Finlândia e Suécia, mostra que a IA não é mais um experimento em laboratórios, mas sim uma ferramenta que está reconfigurando tanto a produção de jogos quanto a experiência do jogador.
O uso mais comum da IA é na automatização de tarefas repetitivas, onde 95% dos entrevistados afirmam que a tecnologia alivia a carga de trabalhos mecânicos, permitindo que eles se concentrem mais na inovação. As áreas com maior impacto incluem:
- Testes de jogo e balanceamento automático (47%)
- Localização e tradução em tempo real (45%)
- Geração de código e scripts de suporte (44%)
Além de acelerar os processos, a IA também está moldando a fase criativa do desenvolvimento, com 36% dos desenvolvedores utilizando-a para design dinâmico de níveis, animação avançada e redação de diálogos. Isso resultou na criação de novas mecânicas de jogo (93%) e até mesmo novos gêneros completos (92%).
Jack Buser, diretor global de jogos na Google Cloud, destacou: “A IA não é mais um conceito futurista para a indústria dos jogos: é uma realidade que está redefinindo como os títulos são criados e jogados. Estamos vendo jogos que parecem mais vivos e Personagens Não Jogáveis que aprendem com os jogadores”.
Cerca de 89% dos desenvolvedores notam mudanças nas expectativas dos jogadores, que buscam mundos virtuais mais dinâmicos, com cenários que evoluem com suas decisões. Alguns estudos estão experimentando NPCs que aprendem com as interações dos jogadores e mundos gerados proceduralmente, aumentando as possibilidades narrativas e de rejogabilidade.
No entanto, o relatório também ressalta que, apesar do potencial democratizador da IA para níveis o terreno de jogo entre grandes estúdios e desenvolvedores independentes, existem barreiras significativas a serem enfrentadas, como os altos custos de integração (24%) e a necessidade de capacitação (23%).
Diante do crescimento das infraestruturas de IA, os analistas alertam para o risco de que a atual euforia possa resultar em uma nova bolha tecnológica, onde apenas os grandes estúdios conseguirão arcar com os altos custos, comprometendo a democratização prometida no setor.
O estudo conclui que a maioria dos desenvolvedores já está formulando estratégias para a adoção responsável da IA, priorizando a inovação, ética e custos em um setor que continua em evolução constante.