Na próxima semana, o Cairo será palco de uma Cúpula Extraordinária da Liga dos Estados Árabes, convocada para discutir a reconstrução de Gaza após 15 meses de conflito intenso. O encontro, que se inicia na terça-feira, 4 de março, está sendo aguardado com expectativa, especialmente pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que vê na reunião uma oportunidade crucial para os líderes árabes se unirem em prol de um projeto de paz e estabilidade na região.
Em declarações à imprensa antes de sua viagem ao Egito, Guterres ressaltou a magnitude da destruição em Gaza, onde os recentes conflitos resultaram em mais de 50 milhões de toneladas de escombros, afetando gravemente a infraestrutura vital como hospitais e escolas. O secretário-geral descreveu o atual contexto da região como “no fio da navalha”, enfatizando que um novo confronto entre Israel e o Hamas poderia intensificar ainda mais a crise humanitária e a instabilidade.
Entre os principais temas a serem abordados na cúpula, Guterres citou a necessidade de garantir a continuidade do acordo de cessar-fogo e a libertação de reféns. Desde a implementação deste acordo, as organizações humanitárias ampliaram suas operações em Gaza, melhorando o fornecimento de alimentos e água potável aos habitantes locais. Além disso, a cúpula deverá discutir a implementação de um “processo político claro”, fundamental para a recuperação e a estabilidade a longo prazo da região, prevenindo qualquer forma de “limpeza étnica” e assegurando que as preocupações de segurança de Israel sejam respeitadas.
O secretário-geral sublinhou que Gaza deve fazer parte de um futuro Estado palestino independente e democrático, e a Cisjordânia também deve ser considerada como uma unidade política sob um governo aceito pelo povo palestino. Guterres reforçou a urgência de interromper a escalada de violência na Cisjordânia, onde civis têm sido vítimas do conflito, enquanto ações unilaterais, como a expansão de assentamentos israelenses, devem ser evitadas.
Concluindo suas observações, Guterres reiterou que a única solução viável para a paz duradoura na região é a convivência pacífica de dois Estados: Israel e Palestina, com Jerusalém servindo como capital de ambos. Ele pediu um compromisso contínuo em busca de uma reconstrução sustentável em Gaza, conectada a um caminho político claro e fundamentado em princípios. A expectativa agora recai sobre os líderes árabes, que se reunirão para discutir esses temas críticos e buscar um futuro mais estável para seus povos.
Origem: Nações Unidas