Em uma clara aposta para manter a sua hegemonia na indústria global de semicondutores, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) acelerará a construção de uma nova fábrica em Shalun, Tainan (Taiwan), voltada para a produção de chips de 1 nanômetro (nm). Este projeto ambicioso, internamente conhecido como “Fab 25”, não apenas consolidará a posição da TSMC como líder tecnológica, mas também enviará uma mensagem clara a seus concorrentes, especialmente Intel e Samsung, e às pressões geopolíticas de Estados Unidos e China.
De acordo com fontes internas, a nova instalação, chamada de Giga-Fab, contará com seis fábricas de wafers de 12 polegadas, as maiores atualmente disponíveis. Este investimento, que ultrapassará 32 bilhões de dólares, reforça o compromisso da TSMC com Taiwan, apesar da sua expansão internacional em países como Estados Unidos, Japão e Alemanha. A empresa optou por concentrar seus esforços em seu país de origem para desenvolver seus nós mais avançados, o que representa um desafio direto às ameaças norte-americanas de impor tarifas de 100% sobre produtos taiwaneses.
O projeto da TSMC se insere em um plano governamental mais amplo para transformar a região em um “Novo Vale do Silício” especializado em alta tecnologia. A Administração do Parque Científico do Sul de Taiwan está avaliando a viabilidade de um Parque Científico Ecológico de Inteligência Artificial (IA) em Shalun, com o intuito de atrair investimentos em materiais e equipamentos periféricos.
Essa iniciativa complementa a criação do “Corredor de Semicondutores S”, promovido pelo prefeito de Kaohsiung, Chen Chi-mai, que integra múltiplos parques tecnológicos e industriais para fortalecer a cadeia de suprimentos e aumentar a competitividade de Taiwan no setor. A região oferece incentivos significativos para a indústria, facilitando a consolidação de um ecossistema industrial integrado.
O desenvolvimento da tecnologia de 1 nm representa um dos maiores desafios técnicos e financeiros na indústria de semicondutores. A TSMC planeja utilizar arquiteturas avançadas e embalagens 3D para integrar trilhões de transistores em cada chip, com a produção em massa projetada para 2030. No entanto, o caminho não está isento de obstáculos, já que a indústria enfrenta problemas relacionados às taxas de rendimento, fornecimento de materiais e custos, que podem afetar a viabilidade do projeto. A TSMC possui um intervalo de cinco anos para solucionar esses desafios e solidificar sua vantagem tecnológica.
Enquanto a TSMC avança, seus concorrentes não estão parados. Intel e Samsung também buscam se posicionar na corrida pelos nós mais avançados, embora a distância em relação à TSMC continue a aumentar. Além disso, China emerge como um potencial rival, com avanços na fabricação de ferramentas EUV (Litografia Ultravioleta Extrema). Se conseguir dominar essa tecnologia nos próximos dois anos, poderia se tornar o maior desafio para a TSMC.
Em um contexto geopolítico marcado por tensões entre EUA e China, Taiwan se encontra em uma posição delicada. A TSMC enfrenta não apenas pressões comerciais, como as ameaças tarifárias de Donald Trump, mas também o risco de interferências chinesas em sua cadeia de suprimentos.
Com a futura Fab 25, a TSMC não busca apenas manter sua liderança tecnológica, mas também redefinir o mercado global de semicondutores. Sua aposta em Taiwan, apoiada por um ambicioso plano governamental, pode transformar a região no novo epicentro da alta tecnologia. Contudo, o sucesso deste projeto dependerá de sua capacidade de superar os desafios técnicos, financeiros e geopolíticos na corrida em direção aos chips de 1 nm. Enquanto isso, o mundo observa como TSMC, Intel e Samsung competem pelo futuro da computação, em uma batalha onde os nanômetros fazem a diferença.