Após mais de cinco anos de negociações políticas, empresariais e judiciais, a TikTok está prestes a encerrar o capítulo mais delicado de sua história recente nos Estados Unidos. De acordo com informações divulgadas pela Axios, a ByteDance, empresa controladora da TikTok, teria assinado um acordo para transferir a operação da plataforma nos EUA para uma joint venture controlada por investidores norte-americanos, com prazo previsto para 22 de janeiro de 2026.
O objetivo principal da mudança é claro: manter a operação no mercado americano sem enfrentar novas prorrogações e sem viver constantemente à beira de um bloqueio regulatório. Se confirmado, o acordo representa uma mudança pragmática: em vez de uma venda convencional a um único comprador, a estrutura societária permitirá que o controle fique nas mãos de capital americano, enquanto a ByteDance mantém uma participação minoritária.
Entre os investidores colaboradores, os nomes de Oracle, Silver Lake e MGX são destacados, tendo cada um deles uma participação estimada de 45% na joint venture. Além disso, cerca de um terço ficaria com investidores já envolvidos na ByteDance, enquanto aproximadamente 20% continuaria sob controle da matriz.
A pressão legal tem sido um fator crucial para essa decisão. Em abril de 2024, foi aprovada a lei “Protecting Americans from Foreign Adversary Controlled Applications Act”, que na prática exige uma desinvestimento significativo para evitar o bloqueio do aplicativo em lojas e serviços essenciais. Essa legislação estabelece um calendário crítico que se aproxima rapidamente, criando uma urgência no processo de negociação.
A história deste desenrolar teve início em 2020, quando a pressão política começou a crescer, levando a tentativas de forçar uma venda sob alegações de segurança nacional. À medida que se aproximava o prazo estabelecido pela nova legislação, a negociação se intensificou, com moratórias e extensões políticas oferecidas para facilitar uma solução negociada.
Para os usuários da TikTok nos Estados Unidos, a notícia traz uma perspectiva de continuidade: a plataforma deve continuar a funcionar normalmente, evitando bloqueios repentinos que poderiam afetar a experiência dos usuários. No entanto, o acordo é específico para o mercado americano, sem previsões de impactos diretos nas operações da TikTok em outras regiões, como Europa ou América Latina.
Por fim, é fundamental compreender que esta não é apenas uma simples venda. O verdadeiro debate gira em torno de quem deterá o controle da TikTok, abordando aspectos de governança corporativa, acesso a dados e capacidade de auditoria. Assim, essa joint venture é uma tentativa de oferecer à administração americana o que consideram um controle doméstico, sem desmantelar totalmente a operação global da TikTok. No entanto, o desfecho definitivo em janeiro de 2026 ainda depende de aprovações regulatórias e de um escrutínio geopolítico iminente.






