O Crescimento dos Robôs Humanoides: Uma Nova Revolução Tecnológica?
Com o recente crescimento dos servidores de inteligência artificial se estabilizando, a atenção global volta-se para um novo protagonista no campo tecnológico: os robôs humanoides. Especialistas e líderes de grandes empresas acreditam que este setor pode se tornar um dos principais motores industriais do século XXI, com um potencial de mercado que pode ser até dez vezes maior que o dos veículos elétricos (EVs).
De acordo com a consultoria Digitimes, espera-se que os robôs humanoides alcancem 2% do mercado global até 2030, avaliados em cerca de 12 bilhões de dólares taiwaneses (aproximadamente 360 milhões de euros). No entanto, projeções mais ambiciosas da Morgan Stanley estimam que esse segmento pode chegar a incríveis 5 trilhões de dólares até 2050, com mais de um bilhão de unidades operacionais em todo o mundo.
O presidente da TSMC, C.C. Wei, reforçou essa visão em uma conversa com investidores: “O mercado de robôs humanoides será dez vezes maior que o de veículos elétricos. Estou ansioso para ver esse crescimento.”
O Caminho para a “Versão 0.5”
Embora o entusiasmo seja grande, a adoção em massa ainda está longe. Os custos elevados representam um obstáculo, levando ao desenvolvimento de uma geração intermediária, chamada de “versão 0.5”. Esses robôs não serão totalmente humanoides; terão braços de pinça ou dispositivos de sucção, mas ainda se moverão sobre rodas em vez de andar. As aplicações iniciais já estão se definindo: armazéns e fábricas.
Um exemplo é o anúncio da DHL em maio, que confirmou a compra de 1.000 unidades do Stretch, um robô da Boston Dynamics, capaz de descarregar até 700 caixas por hora. Isso demonstra como os robôs semi-humanoides estão começando a entrar em cadeias logísticas em grande escala.
Segundo a Digitimes, até 2025, os robôs humanoides representarão apenas 0,2% do mercado, mas à medida que os custos do hardware diminuírem e os modelos de IA avançarem, sua participação pode multiplicar por dez em cinco anos.
Inovação com a “Pele Eletrônica”
Nesse cenário, Taiwan busca não apenas desenvolver robôs completos, mas se destacar em componentes essenciais de segurança e sensorização. A Touché Solutions, uma startup nascida do Instituto de Pesquisa em Tecnologia Industrial (ITRI), é um exemplo promissor. Sua principal inovação, a “T-skin”, é uma pele eletrônica feita de silicone, capaz de detectar pressão e temperatura. Essa tecnologia permite que um braço robótico pare imediatamente ao detectar um contato humano com um força de apenas 10 newtons.
O objetivo é claro: proporcionar aos robôs a sensibilidade necessária para interagir de forma segura com pessoas. Após chamar a atenção da Kawasaki Heavy Industries, a Touché Solutions agora fornece tecnologia para diversas indústrias, incluindo embalagem de semicondutores e agricultura.
Um “Oceano Azul” de Oportunidades
Apesar dos desafios, Taiwan está apostando na especialização em componentes críticos, como sensores de interação. O mercado global de robôs humanoides não se limita apenas à indústria e logística, mas também se estende à agricultura, saúde e cuidado de idosos, áreas com crescente demanda devido ao envelhecimento populacional.
Entretanto, alguns analistas alertam que o entusiasmo em torno dos robôs humanoides pode estar inflacionado, levantando a possibilidade de uma bolha tecnológica. A questão será transformar essa empolgação em aplicações rentáveis e escaláveis — caso contrário, a promessa de um mercado dez vezes maior que o dos EVs pode ser apenas uma ilusão tecnológica.