A secretária-geral assistente para África, Martha Pobee, informou ao Conselho de Segurança da ONU que os avanços no processo de paz do Sudão do Sul estão sendo comprometidos por uma “erosão contínua”. Durante sua apresentação nesta segunda-feira, ela destacou o aumento da violência política e subnacional no país, caracterizada pela desconfiança crescente entre as partes signatárias do Acordo de Paz Revitalizado, firmado em 2018. No momento, a implementação desse acordo se encontra estagnada.
As ofensivas militares no país têm sido lideradas pela Força de Defesa do Povo do Sudão do Sul contra o Movimento de Libertação do Povo do Sudão, com bombardeios aéreos e operações terrestres desde março que violam o Acordo de Paz. Essas ações resultaram em mortes, deslocamentos forçados e destruição de infraestruturas civis, incluindo hospitais e escolas. Apesar dos apelos por um cessar-fogo da comunidade internacional, os esforços para a retomada do diálogo não conseguiram resultados concretos.
Pobee alertou que a postura militar atual pode intensificar a violência, potencializando conflitos intercomunitários. Ela observou que, se essa tendência continuar, a dinâmica do conflito poderá se transformar, passando de uma violência subnacional para uma situação mais complexa, marcada por divisões étnicas. Além disso, a disseminação de informações falsas nas redes sociais está contribuindo para aumentar as tensões e prejudicar a convivência pacífica entre as comunidades.
A secretária também mencionou que as tensões políticas atuais e a detenção de opositores sem processo legal têm dificultado a transição política no país, complicando a reforma do setor de segurança e os processos eleitorais esperados. Apesar das dificuldades, o governo reiterou seu compromisso em realizar eleições até dezembro de 2026.
Origem: Nações Unidas