Na segunda jornada do Talent Arena, realizada no âmbito do MWC25, destacou-se a presença de Steve Wozniak, cofundador da Apple e figura fundamental na história da tecnologia. Sua intervenção, marcada pela sinceridade e espírito crítico, focou na evolução da inteligência artificial (IA), na necessidade de regulamentação e na defesa do código aberto como motor para a inovação.
IA: um desafio a ser gerido com transparência e responsabilidade
Wozniak expressou sua preocupação com o crescente avanço da IA, alertando sobre os riscos potenciais se limites claros não forem estabelecidos. “Não estou contra a inteligência artificial, mas acredito que seu uso deve ser mais honesto", afirmou. O engenheiro enfatizou a importância dos usuários entenderem como os modelos de IA são treinados e a origem dos dados. Para Wozniak, apenas assim poderemos avaliar com objetividade as informações consumidas. Ele também recordou que a IA, atualmente, se configura como "uma grande coletora de informações do passado", e embora útil, ainda não é capaz de pensar por si mesma.
IA: uma ferramenta para o crime se não for regulamentada
Durante sua palestra, Wozniak alertou sobre o crescente uso da IA por cibercriminosos. A capacidade dessas tecnologias de gerar textos convincentes e simular interações humanas aumenta os riscos de ataques de phishing, ransomware e falsificação de identidade. "A IA e os chatbots estão se tornando armas nas mãos de criminosos", sentenciou.
Para ele, embora a IA possa ser uma aliada valiosa, seu uso sem controle pode “minar a capacidade crítica do ser humano”. "Acredito no artificial, mas não na inteligência", brincou, convidando os presentes a não confiarem cegamente nas respostas dos assistentes virtuais.
Defesa do código aberto como caminho para a melhoria tecnológica
Fiel à sua visão de um desenvolvimento tecnológico transparente e colaborativo, Wozniak insistiu na importância de apostar no código aberto: “A tecnologia deve ir em direção a modelos abertos. Apenas assim poderemos revisar, corrigir e melhorar o que criamos.” Essa posição contrasta claramente com a tendência atual do mercado, marcada por serviços fechados e modelos de assinatura. Wozniak criticou abertamente essa abordagem: “Antes você comprava algo e era seu. Agora, tudo é assinatura após assinatura. Nos tiraram o controle sobre o que possuímos”, lamentou.
Reflexão política e crítica à gestão empresarial aplicada aos governos
Na parte final de sua intervenção, Wozniak também abordou temas de política internacional, sem evitar críticas ao governo dos Estados Unidos e a seu estilo de gestão que se assemelha a uma empresa privada. “Administrar um governo não é como liderar uma empresa. Em uma companhia você negocia, busca consenso e compartilha decisões. Não se pode simplesmente demitir todos e começar do zero”, apontou, em uma alusão velada a figuras como Elon Musk e seu estilo de gestão em empresas tecnológicas.
Uma mensagem para as novas gerações de empreendedores
Como mentor de referência, Wozniak incentivou os jovens presentes no Talent Arena a seguirem suas paixões e buscarem o que realmente os motiva: “Seu trabalho ocupará uma grande parte de sua vida. A única maneira de estar satisfeito é fazendo o que ama. Se você ainda não encontrou, continue procurando. Não se conforme."
Um fórum que olha para o futuro
A participação de Steve Wozniak no Talent Arena reafirma a importância deste evento como um ponto de encontro para reflexões sobre o presente e futuro da tecnologia. Em um momento crucial para a inteligência artificial, cibersegurança e inovação, suas palavras soaram como um chamado à responsabilidade, transparência e defesa do software livre como pilares do progresso tecnológico.
Fonte: Noticias Inteligencia Artificial