Sanciones dos EUA afastam apoio técnico da indústria chinesa de semicondutores
A empresa chinesa Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC) anunciou que seus ganhos do segundo trimestre de 2025 podem diminuir em até 6% devido a interrupções operacionais ligadas à manutenção anual de seus equipamentos de fabricação de wafers. O principal fator contribuidor para essa situação é a impossibilidade de receber suporte técnico de fornecedores dos Estados Unidos, como resultado das restrições de exportação impostas por Washington.
Durante o período de manutenção programada, falhas foram detectadas em ferramentas recém-instaladas, resultando na diminuição do volume de produção utilizável. Essa situação é ainda mais complicada pela ausência de técnicos certificados, forçando pessoal interno a realizar tarefas para as quais não possuem formação homologada, o que aumenta o risco de degradação do desempenho e queda nos rendimentos de fabricação.
As rígidas medidas de controle de exportações dos EUA impedem que fabricantes de ferramentas avançadas, como Applied Materials ou Lam Research, ofereçam suporte técnico à SMIC. Isso coloca a empresa em uma posição vulnerável, especialmente em relação a falhas técnicas em processos de fabricação avançados. Esta dependência estrutural da indústria chinesa em segmentos críticos da cadeia de valor de semicondutores é evidente, apesar dos esforços do país em alcançar a autosuficiência tecnológica.
No primeiro trimestre de 2025, a SMIC reportou receitas de 2.247 milhões de dólares, um aumento de 1,8% em relação ao trimestre anterior, com 95,2% desse valor proveniente da venda de wafers. Os problemas técnicos, no entanto, obrigaram a companhia a desviar entre 30 e 75 milhões de dólares do orçamento destinado a pesquisa e desenvolvimento (P&D), o que pode impactar a inovação a médio prazo. Apesar disso, a direção da SMIC reafirma seu plano de investimento em capital de 7.500 milhões de dólares, com o intuito de expandir a capacidade e modernizar suas instalações.
O co-CEO da empresa, Haijun Zhao, minimizou o impacto direto das tarifas e restrições comerciais, afirmando que, graças a isenções específicas e uma coordenação eficaz com parceiros internacionais, os impactos sobre as receitas permanecem abaixo de 1%. Contudo, Zhao alerta que os preços no mercado líquido poderiam aumentar na segunda metade do ano, influenciando a demanda global por chips.
Este episódio ressalta a fragilidade das cadeias de suprimento global em um cenário marcado por tensões geopolíticas, com a guerra tecnológica entre China e os EUA como pano de fundo. A situação da SMIC é observada atentamente pelo setor global de semicondutores, que aguarda as repercussões sobre preços, disponibilidade de chips e ritmo de inovação.
Fonte: Notebook Check.