A paisagem vulcânica de Lanzarote, nas Ilhas Canárias, revela-se surpreendentemente fértil apesar de sua aparência árida. A ilha, que sofreu erupções massivas entre 1730 e 1736, ficou coberta por camadas de lava e cinzas, devastando suas terras agrícolas. Mesmo enfrentando uma média de apenas 16 dias de chuva por ano, os agricultores locais desenvolveram um sistema agrícola notável, baseado em conhecimentos tradicionais transmitidos ao longo de gerações.
Na emblemática região vinícola de La Geria, as videiras, como a Malvasía Volcánica, crescem em cavidades protegidas por muros semicirculares de pedra. Ascensión Robayna, enóloga da região, destaca a importância do legado deixado pelos antecessores: “Quem imaginaria que seria possível cultivar uvas sem irrigação num lugar como este?”.
Entre as práticas agrícolas mais inovadoras está o uso de cinzas vulcânicas como cobertura morta, uma técnica conhecida localmente como enarenado. Além disso, na região de Tinajo, utiliza-se uma areia marinha orgânica, o jable, que ajuda a reter a umidade do solo.
Recentemente, em maio de 2025, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) reconheceu o sistema agrícola de Lanzarote como um Sistema Agrícola de Importância Global (GIAHS). Essa designação ressalta a importância das práticas sustentáveis e da biodiversidade na ilha, bem como sua contribuição para a segurança alimentar. Lanzarote agora faz parte de uma rede global que preserva conhecimentos tradicionais e promove a prosperidade nas comunidades rurais. Piedad Martín, diretora adjunta do Gabinete de Alterações Climáticas da FAO, afirmou que Lanzarote é um excelente exemplo de adaptação em condições extremas.
Origem: Nações Unidas

