O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) apresentou, nesta terça-feira, seu relatório anual, que evidencia a crescente crise global de fertilidade. A pesquisa destaca que a inflação e as dificuldades financeiras estão dificultando a formação de famílias. Dados do estudo revelam que 39% dos adultos entrevistados mencionaram a limitação financeira como o principal impedimento para ter mais filhos.
O documento, que envolveu entrevistas com mais de 14 mil pessoas de 14 países, incluindo apenas o Brasil entre as nações de língua portuguesa, aponta que a desigualdade de gênero e a incerteza econômica são fatores críticos que impactam a decisão de ter filhos. Além disso, muitos indivíduos apresentaram preocupações relacionadas a mudanças climáticas, guerras e a divisão desigual do trabalho em casa como razões para a escolha pela redução na fecundidade.
A pesquisa revelou ainda que um terço dos adultos enfrentou uma gravidez indesejada, e que uma parcela significativa se sentiu pressionada a se tornar pai ou mãe. Por outro lado, o UNFPA desaconselha políticas populacistas, sugerindo em vez disso investigações mais profundas nas necessidades da população.
Estratégias como melhorias nas condições de moradia, trabalho decente e acesso a serviços de saúde reprodutiva são mencionadas como necessárias para incentivar a parentalidade. O relatório ressalta ainda a importância da migração como uma solução para mitigar a diminuição da força de trabalho em algumas nações.
Em um contexto de desigualdade de gênero, a pesquisa revelou que as mulheres64% relataram sentir-se incapazes de recusar relações sexuais, evidenciando uma necessidade urgente de abordar questões de coerção e estigma. O relatório também prestou homenagem à freira brasileira Inah Canabarro Lucas, que faleceu recentemente aos 117 anos, frisando a evolução da longevidade nas gerações atuais.
Origem: Nações Unidas