Um novo relatório global da Lancet Countdown mostra que a dependência excessiva dos combustíveis fósseis e a falta de adaptação às mudanças climáticas estão afetando gravemente a saúde humana. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e seus parceiros internacionais enfatizam que a proteção da saúde deve ser vista como um motor crucial para a ação climática.
O estudo, elaborado em colaboração com a OMS, revela que 12 dos 20 indicadores-chave relacionados a ameaças à saúde atingiram níveis alarmantes. Os especialistas destacam que a inação climática está resultando em perdas de vidas, sobrecarga dos sistemas de saúde e danos econômicos significativos. O diretor-geral adjunto da OMS ressaltou que “a ação climática representa a maior oportunidade de saúde do nosso tempo”, indicando que melhorias na qualidade do ar e na alimentação, além de sistemas de saúde resilientes, podem gerar inúmeros benefícios.
O relatório também revela um aumento preocupante de 23% nas mortes relacionadas ao calor desde a década de 1990, resultando em cerca de 546 mil óbitos por ano. Em 2023, a insegurança alimentar afetou 124 milhões de pessoas, e a exposição ao calor levou à perda de 640 bilhões de horas de trabalho. Além disso, os governos destinaram US$ 956 bilhões em subsídios para combustíveis fósseis, valor três vezes superior ao que foi prometido para ajudar os países vulneráveis.
Por outro lado, a transição para energias renováveis tem se mostrado eficaz, com uma redução de mortes prematuras devido à poluição. A produção de energia limpa alcançou 12% da eletricidade global, criando 16 milhões de postos de trabalho. A diretora executiva do Lancet Countdown destacou que as soluções existentes são promissoras, desde o aumento da energia renovável até a adaptação das cidades.
O documento revela que quase todas as cidades participantes, 834 de 858, já realizaram ou projetam avaliações de risco climático, apesar da queda no investimento. O setor de saúde tem demonstrado liderança climática, reduzindo suas emissões de gases de efeito estufa em 16% entre 2021 e 2022, enquanto melhora a qualidade dos cuidados.
As conclusões deste relatório fornecem uma base essencial para acelerar a ação climática centrada na saúde e a OMS planeja aproveitar esse impulso no próximo Relatório Especial da COP30 sobre Alterações Climáticas e Saúde. Este documento destacará políticas e investimentos necessários para garantir a saúde e a equidade, em consonância com o histórico Plano de Ação de Belém esperado na conferência.
Origem: Nações Unidas


