Taiwan realiza referendo crucial sobre energía nuclear
Neste sábado, Taiwan realiza um referendo decisivo sobre a possível reativação do reator nº 2 da usina nuclear de Maanshan, que foi fechado em maio. A consulta foi promovida pelo Partido Kuomintang (KMT) e pelo Partido Popular de Taiwan (TPP), buscando reverter a política de desmantelamento nuclear do atual governo do Partido Progresista Democrático (DPP), que se comprometeu a fechar todas as usinas até 2025.
As preocupações com o referendo ganharam destaque entre figuras importantes da cadeia de suprimentos da NVIDIA, que temem que as implicações do resultado possam afetar a estabilidade energética, vital para a produção de semicondutores.
Taiwan, conhecido como o coração da fabricação de chips no mundo, possui empresas como a TSMC, que representa mais de 60% da produção global de semicondutores. No entanto, sua dependência crescente de fontes de energia importadas — mais de 97% de sua energia vem do exterior, principalmente gás e carvão — torna o país vulnerável a interrupções devido a crises geopolíticas.
Desde 2024, a energia nuclear contribui com apenas 4% do fornecimento elétrico, enquanto as fontes renováveis atingem apenas 11,6%. O fechamento do reator nº 2 em maio marcou a oficialização de Taiwan como uma “nação livre de nuclear”, cumprindo uma das promessas do DPP.
Executivos associados à cadeia de suprimentos da NVIDIA expressaram preocupações sobre a votação. Embora não tenham sido nomeados, ficou claro que o setor tecnológico não vê a consulta com indiferença, visto que a energia é essencial para manter altos níveis de computação para inteligência artificial e fabricação de chips. O CEO da NVIDIA, Jensen Huang, já havia afirmado que “Taiwan deveria investir em energia nuclear”, sublinhando a urgência de diversificar a matriz energética.
A votação também gerou mobilização social. Na semana anterior, cerca de 300 manifestantes marcharam em Taipei, liderados por grupos ambientalistas, pedindo um “não” ao reinício do reator, citando riscos sísmicos e desastres causados pelo homem. Em contrapartida, os defensores do reinício argumentam que a eliminação da energia nuclear aumenta a dependência de combustíveis fósseis importados, comprometendo a segurança energética.
O referendo representa uma encruzilhada para Taiwan, desafiando o país a encontrar um equilíbrio entre a transição para fontes renováveis e a necessidade de uma energia confiável para setores estratégicos como o tecnológico. O consumo energético do setor de semicondutores deve dobrar até 2030, superando a demanda energética de países inteiros.
A rejeição em 2021 de reativar a usina Nuclear Lungmen já evidenciou uma resistência social à energia nuclear, especialmente após incidentes como Fukushima. Este novo referendo encapsula essa tensão histórica frente às necessidades tecnológicas atuais.