Eva Lopes, estudante do doutoramento em Ciência, Tecnologia e Gestão do Mar da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), conquistou a Arctic Field Grant (AFG), uma bolsa que visa apoiar cientistas em início de carreira. A jovem de 28 anos está a investigar como os ecossistemas marinhos do Ártico, uma região que aquece quatro vezes mais rápido do que o resto do planeta, responderão a um ambiente em rápida transformação. Segundo Eva, “este aquecimento provoca alterações profundas na dinâmica dos ecossistemas marinhos”.
Com esta bolsa, a estudante está agora na estação científica de Ny-Ålesund, em Svalbard, na Noruega, exercendo pela primeira vez a função de investigadora principal, o que considera um “feito bastante emocionante, motivador e motivo de orgulho”. Eva tem realizado experiências para simular cenários de alterações nos ecossistemas, utilizando duas culturas de algas: diatomáceas e microalgas do género Phaeocystis. Durante os blooms, esses organismos assimilam rapidamente nutrientes inorgânicos como nitrato, fosfato e sílica, o que pode criar desequilíbrios na disponibilidade desses elementos.
A pesquisa de Eva destaca a importância dos microrganismos na conversão da matéria orgânica de volta a formas inorgânicas, repondo nutrientes na coluna de água. A resposta microbiana à entrada de matéria orgânica é crucial para a eficácia da reciclagem de nutrientes e a disponibilidade futura para novos ciclos de produção primária. A estudante da FCUP também estuda as interações das comunidades microbianas, com foco em sua taxonomia e dinâmica ecológica, visando avaliar os mecanismos de adaptação em cenários de mudança ambiental.
Com um financiamento de 10 mil euros, a bolsa é de grande relevância para o doutoramento de Eva, servindo de base para o capítulo final de sua tese. O projeto “Life on the Edge: Unraveling Arctic Microbial Transformations from Winter to Summer” está em andamento até 25 de outubro e inclui a colaboração com a equipa de Ecologia e Biogeoquímica dos Microbiomas do CIIMAR e a orientação de especialistas reconhecidos na área.
Esta é a quinta vez que Eva Lopes participa de trabalho de campo no Oceano Ártico, onde tem trocado os verões quentes de Portugal por experiências em temperaturas polares. Desde o início do doutoramento, a jovem tem contribuído para campanhas de monitorização sazonal, essenciais para a coleta de dados sobre vários parâmetros ambientais. Atualmente, a estudante está a recolher amostras a bordo do navio de investigação Jean Floc’h a profundidades de até 200 metros, realizando análises que serão concluídas no CIIMAR.
Origem: Universidade do Porto

