O Haiti enfrenta uma situação crítica marcada pela erosão da autoridade estatal e pelo colapso do Estado de Direito, com gangues exercendo um controle crescente sobre a vida pública e privada. Durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, Miroslav Jenca, secretário-geral-assistente da ONU para Assuntos Políticos, alertou sobre o aumento da violência e disse que, sem reforço da ação internacional, o “colapso total” do estado na capital, Porto Príncipe, pode se concretizar.
As gangues, que já paralisaram a capital e interromperam os voos internacionais, estão agora se expandindo, atingindo áreas como Mirebalais e La Chapelle, onde um recente ataque deslocou quase 9 mil pessoas. Jenca também mencionou o uso crescente de tecnologias como drones, que estão sendo empregados tanto por verbas ilícitas quanto por forças policiais, refletindo uma coordenação tática crescente entre os grupos criminosos.
A resposta do governo haitiano, através da “Força-Tarefa” de Segurança, foi a implementação de drones para monitoramento e operações de combate, embora Jenca tenha destacado que, mesmo com a presença da Missão Multinacional de Apoio à Segurança (MSS), os resultados têm sido insatisfatórios. A falta de apoio adicional da comunidade internacional torna as perspectivas futuras sombrias.
Dados divulgados pelo Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti revelam que a violência tem gerado um número alarmante de vítimas, com mais de 4 mil homicídios registrados este ano e 1,3 milhão de pessoas deslocadas internamente. A situação é ainda mais agravada pelo aumento da violência sexual, utilizada como uma tática para intimidar as comunidades.
A ONU está trabalhando na implementação de um acordo político que poderia levar a eleições em 2026, mas os desafios de segurança podem comprometer esse processo. As autoridades insistem na necessidade de uma participação mais ativa da população, especialmente mulheres e jovens, para uma transição política efetiva.
Origem: Nações Unidas