O nível de vida dos portugueses, em comparação com a União Europeia (UE), tem sido superestimado, segundo um estudo recente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). Em 2023, o rendimento “per capita” de Portugal será de 78,9% da média europeia, ocupando a 19.ª posição — a nona pior —, em contraste com os 80,7% mencionados pela Comissão Europeia nas previsões de maio. Este desvio nos dados é atribuído a uma análise da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), que identificou uma população estrangeira residente legalmente muito superior ao que o Instituto Nacional de Estatística (INE) reportava.
A FEP destaca que, se os dados da AIMA forem considerados, a população reportada ao INE é inferior à real, o que exagera a percepção do nível de vida de Portugal. Essa discrepância se reflete em previsões revisadas, que indicam um nível de vida de 79,2% da média da UE para 2024, e 79,5% em 2026. A análise sublinha a importância de integrar os dados da AIMA nas estatísticas do INE para garantir que as políticas públicas sejam baseadas em informações precisas.
Óscar Afonso, diretor da FEP, enfatiza a urgência de reformas estruturais na economia nacional, ressaltando a necessidade de tornar o país mais competitivo e atrativo para a população jovem, a fim de prevenir a emigração. A discussão sobre imigração também é central no estudo, que propõe uma regulação mais eficaz das entradas de imigrantes, alinhando-as com as reais necessidades econômicas.
A pesquisa observa que, se a economia não crescer rapidamente, a necessidade de imigração pode ser reduzida significativamente, de 138 mil para 80 mil imigrantes anuais. A análise também revela que muitos dos novos imigrantes podem estar inseridos na economia informal, o que acentua a urgência de um controle mais eficaz das migrações.
Os desafios que Portugal enfrenta são ainda mais complexos no contexto atual, que inclui pressões externas como a guerra tarifária e a diminuição de fundos da UE. Afonso conclui que as reformas necessárias devem transformar desafios em oportunidades, destacando a importância de uma imigração adaptada às demandas do mercado e à capacidade de absorção da sociedade. O estudo está disponível para consulta no site do G3E2P da FEP.
Origem: Universidade do Porto