O Instituto Nacional de Estatística (INE.IP) divulgou recentemente suas Estatísticas Agrícolas anuais, que trazem informações relevantes sobre o setor agrícola e florestal, com foco no ano agrícola de 2023/2024. Neste período, as condições climáticas foram marcadas por um calor excessivo e chuvas frequentes, o que teve um impacto positivo nas pastagens e forragens, garantindo um abastecimento adequado de alimento para o gado.
Os cereais de outono/inverno mostraram uma boa produtividade, embora com margens de lucro mais restritas. Em contraste, a produção de milho sofreu uma queda significativa, tanto em produtividade quanto em área cultivada. Entretanto, a produção de batatas e hortaliças registrou crescimento, enquanto a área destinada ao tomate para a indústria aumentou, mas a produtividade diminuiu.
As culturas permanentes também apresentaram resultados mistos. O azeite destacou-se com a segunda maior produção já alcançada, e a amêndoa alcançou um recorde, consolidando assim Portugal como o segundo maior produtor da União Europeia. Outros produtos, como maçãs e laranjas, se recuperaram de um ano agrícola ruim anterior, enquanto a produção de peras, kiwis e cerejas enfrentou desafios devido a doenças e condições climáticas adversas.
A produção total de carne aumentou para 947 mil toneladas, refletindo um crescimento de 4,8% em comparação a 2023. Por outro lado, a produção de produtos lácteos caiu, particularmente o leite para consumo, que teve uma redução de 6,8%.
O consumo de fertilizantes também cresceu, apresentando um aumento de 16,6% em 2024, impulsionado pela queda nos preços dos fertilizantes. Contudo, isso trouxe consequências negativas no balanço de nutrientes, com uma elevação na excedência de azoto e fósforo por hectare.
O rendimento da atividade agrícola, em termos reais, aumentou 14,5% por unidade de trabalho, com um crescimento no Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 7,3%. Contudo, os índices de preços de produção para bens agrícolas e serviços na agricultura diminuíram, refletindo um cenário de desafios na valorização dos produtos.
O grau de autoaprovisionamento do país mostrou um aumento na dependência externa para cereais, leite e frutas, embora Portugal tenha mantido a autossuficiência em arroz e melhorado o aprovisionamento em vinho e azeite. A balança comercial de produtos agrícolas e agroalimentares teve um déficit que atingiu 5,17 bilhões de euros, mas com uma melhoria em relação ao ano anterior.
Finalmente, o setor florestal teve menos incêndios rurais, embora a área queimada tenha sido significativa, tornando 2024 um dos anos mais severos da última década. O saldo da balança comercial do setor florestal aumentou para 3,06 bilhões de euros, evidenciando um panorama financeiro positivo.
Origem: Instituto Nacional de Estatística