A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um novo estudo que destaca o papel transformador da telemedicina e da tele saúde no cuidado de pessoas com demência e seus cuidadores. Realizada pela OMS/Europa em parceria com universidades internacionais, a pesquisa investigou a integração de tecnologias de saúde digitais em ambientes adaptados para a terceira idade e sistemas de apoio comunitário. Os resultados indicam que essas tecnologias podem reduzir a ansiedade, a depressão e a solidão, promovendo uma melhora significativa na qualidade de vida.
De acordo com a OMS, a eficácia da telemedicina é maximizada quando é acompanhada de suporte comunitário robusto, incluindo redes locais e programas sociais, especialmente em áreas rurais. Natasha Azzopardi-Muscat, diretora de Sistemas de Saúde da OMS/Europa e coautora do estudo, enfatizou que a tecnologia pode conectar pessoas e oferecer esperança, desde que utilizada com responsabilidade e empatia.
O estudo também aponta que os cuidados tradicionais são frequentemente realizados por meio de consultas presenciais, o que apresenta desafios em regiões com acesso limitado a serviços de saúde. As soluções digitais podem preencher essas lacunas, oferecendo desde lembretes de medicação a sistemas de inteligência artificial que previnem acidentes e melhoram o acesso e a qualidade do cuidado. Com base em quase 100 revisões científicas e 3 mil estudos, o relatório fornece recomendações práticas, embora a qualidade das evidências varie, indicando a necessidade de mais pesquisa.
Com o envelhecimento acelerado da população europeia, espera-se que o número de pessoas com 60 anos ou mais alcance 247 milhões até 2030. Essa mudança demográfica exige uma adaptação urgente dos sistemas de saúde, particularmente em relação à demência, que representa uma das principais causas de morte e incapacidade na terceira idade, afetando desproporcionalmente mulheres. A OMS recomenda que as tecnologias digitais sejam integradas em ambientes inclusivos, alinhando-se à Estratégia Europeia sobre Envelhecimento Saudável.
Os resultados do estudo ressaltam que o uso de ferramentas digitais pode alavancar a saúde mental e cognitiva, reduzir sintomas de depressão e aliviar o estresse entre cuidadores. Tecnologias de monitoramento remoto têm mostrado eficácia em diminuir quedas em até 63% e melhorar o controle de sintomas comportamentais. No entanto, o relatório também reconhece desafios, como a frustração entre usuários idosos menos familiarizados com tecnologia, sugerindo que é urgente desenvolver soluções mais acessíveis.
David Novillo Ortiz, conselheiro regional de Dados e Saúde Digital da OMS/Europa, afirma que, embora as ferramentas digitais não curem a demência, podem melhorar a qualidade de vida de pacientes e cuidadores de modo mensurável. A Agenda Regional de Saúde Digital 2023–2030 proposta pela OMS/Europa visa expandir o acesso a soluções centradas no paciente, reiterando que a telemedicina é uma oportunidade para redefinir os cuidados de demência, promovendo dignidade, segurança e inclusão para milhões de pessoas em todo o mundo.
Origem: Nações Unidas






