Após a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que ocorreu nesta terça-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou preocupação com o elevado número de mortes. Em uma mensagem transmitida por seu porta-voz, Guterres reforçou que o uso de força pelas autoridades policiais deve respeitar as leis internacionais de direitos humanos e pediu uma investigação imediata sobre o ocorrido.
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, também se manifestou, solicitando uma reforma abrangente nos métodos de policiamento do Brasil. Ele destacou que a operação, realizada no Complexo do Alemão e no Complexo da Penha, visava cumprir cerca de 100 mandados judiciais contra indivíduos vinculados ao crime organizado. Entretanto, os dados oficiais indicam que pelo menos 121 pessoas foram mortas, incluindo quatro policiais, e 81 foram detidas.
Turk reafirmou a dificuldade de lidar com grupos criminosos, mas questionou a frequência de operações que resultam em baixas significativas, afetando desproporcionalmente a população negra. Ele alertou que a alta letalidade policial se tornou uma norma em muitas regiões do Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, e destacou a necessidade urgente de adequar as operações de segurança pública aos padrões internacionais.
Além disso, o Alto Comissário enfatizou a importância de enfrentar o racismo sistêmico, apontando que os assassinatos de pessoas negras por agentes de segurança são generalizados. Estudos indicam que cerca de 5 mil pessoas negras perdem a vida anualmente pela ação policial, refletindo uma realidade alarmante para jovens que vivem em áreas vulneráveis. Turk concluiu pedindo investigações independentes e eficazes sobre os eventos recentes e a reforma profunda dos métodos de policiamento, visando garantir legalidade e equidade nas ações policiais.
Origem: Nações Unidas




