A situação no leste da República Democrática do Congo continua a se agravar, com graves consequências humanitárias e denúncias de violações de direitos humanos. O Escritório de Direitos Humanos da ONU divulgou, nesta terça-feira, que três crianças foram executadas pelo grupo armado M23, que conta com o apoio de Ruanda, um fato que elevou ainda mais o nível de tensão na região. As execuções, que ocorreram em Bukavu, capital do Kivu do Sul, foram confirmadas após a ocupação do aeroporto local por forças do M23.
Em resposta a esses acontecimentos, a porta-voz da ONU, Ravina Shamdasani, fez um apelo tanto a Ruanda quanto ao M23 para que respeitem os direitos humanos e o direito humanitário internacional. Ela também condenou os ataques a instalações de saúde e armazéns humanitários, além das ameaças direcionadas ao Judiciário, ações que estão intimamente ligadas ao avanço dos combates nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul.
Além das execuções, o escritório da ONU recebe relatos de prisões arbitrárias e tratamentos degradantes, com muitos jovens congoleses sendo forçados a retornar ao país após buscarem refúgio em nações vizinhas devido à violência persistente. Após uma fuga em massa de prisioneiros, vários apelos por proteção de vítimas e testemunhas surgiram, destacando o medo de retaliações por aqueles que participaram de julgamentos contra prisioneiros por crimes graves.
A crise humanitária que se desenrola no leste da RD Congo está marcada pela deslocação forçada de mais de 150 mil pessoas, com muitos buscando abrigo em locais improvisados. A Agência da ONU para Refugiados (Acnur) ressaltou que centenas de milhares já estavam vivendo em condições precárias, e o desespero só aumenta com o afluxo recente de congoleses que chegaram ao Burundi.
Este cenário de instabilidade é agravado pela contínua proliferação de grupos armados na região, que é rica em recursos minerais, levando a uma luta voraz pelo controle. Desde o final de janeiro, quando os combatentes do M23 tomaram partes do Kivu do Norte, a violência tem se intensificado, forçando mais comunidades a abandonar suas casas em busca de segurança.
Origem: Nações Unidas