Novas estimativas divulgadas nesta quarta-feira mostram que aproximadamente 138 milhões de crianças foram submetidas a alguma forma de trabalho infantil no ano passado. O levantamento, realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), revela que 54 milhões dessas crianças estão envolvidas em atividades consideradas perigosas, que ameaçam sua saúde, segurança e desenvolvimento.
Apesar da redução total de mais de 20 milhões de crianças em situação de trabalho infantil desde 2020, a meta de erradicar essa prática até este ano não foi alcançada. Segundo o relatório, 61% dos casos de trabalho infantil estão concentrados no setor agrícola, seguido por serviços, como trabalho doméstico e venda de mercadorias, que representam 27%, e pela indústria, com 13%, incluindo setores como mineração e manufatura.
Na região da Ásia-Pacífico, foi registrada a mais significativa redução na prevalência desde 2020, com a taxa caindo de 6% para 3%, o que representa uma diminuição de 49 milhões para 28 milhões de crianças. Por outro lado, na América Latina e no Caribe, a prevalência manteve-se estável nos últimos quatro anos, com o número total de crianças afetadas caindo de 8 milhões para cerca de 7 milhões. A África Subsaariana abriga dois terços de todos os menores trabalhando, cerca de 87 milhões, e, embora a prevalência tenha diminuído de 24% para 22%, o número total se manteve estagnado em um contexto de crescimento populacional, conflitos e pobreza extrema.
Gilbert F. Houngbo, diretor-geral da OIT, enfatizou a importância de apoiar os pais, garantindo que tenham acesso a empregos decentes, permitindo que seus filhos frequentem a escola ao invés de trabalharem para ajudar a sustentar a família. Catherine Russell, diretora executiva do Unicef, afirmou que a erradicação do trabalho infantil depende da implementação de salvaguardas legais, ampliação da proteção social, investimento em educação de qualidade e acesso a trabalho digno para os adultos. Ela alertou que cortes globais de financiamento podem reverter os avanços alcançados nos últimos anos.
O trabalho infantil não apenas compromete a educação das crianças, mas também limita seus direitos e oportunidades futuras, expondo-as a riscos físicos e mentais severos.
Origem: Nações Unidas