A representante especial do secretário-geral para o Afeganistão, Roza Otunbayeva, fez um apelo urgente por apoio internacional para lidar com o crescente número de afegãos que estão retornando ao país. Ela destacou que esse retorno, que soma mais de 1,3 milhão de pessoas somente neste ano, tem sobrecarregado as comunidades locais em um cenário já afetado pela pobreza, que atinge 70% da população.
Otunbayeva ressaltou que essa situação representa uma responsabilidade compartilhada e advertiu que a falta de ação poderia resultar em vidas perdidas e no ressurgimento de conflitos. Em sua análise, o que deveria ser um momento de celebração pelo retorno se transformou em uma fase marcada por exaustão e incerteza.
A funcionária da ONU reuniu-se com famílias recém-chegadas e distintas autoridades regionais, muitas das quais estão lutando contra uma crise humanitária crônica e prolongada, exacerbada por condições climáticas adversas. Ela enfatizou que o Afeganistão não pode enfrentar essa realidade sozinho e que é essencial priorizar um diálogo regional com países vizinhos, como Irã e Paquistão.
Mulheres e crianças estão entre os mais vulneráveis nesta crise, enfrentando não apenas dificuldades econômicas sérias, mas também restrições severas no acesso a serviços básicos. As operações humanitárias encontram-se gravemente subfinanciadas, forçando decisões complicadas entre prover alimentos, abrigo ou deslocamento seguro.
Além disso, Otunbayeva alertou para os riscos que os retornos desordenados podem gerar em termos de desestabilização regional. O declínio das remessas externas, a pressão no mercado de trabalho e a necessidade de intervenções rápidas são fatores que, se não forem abordados, podem trazer consequências devastadoras para o país e para aqueles que acolhem os recém-chegados.
A ONU no Afeganistão está clamando por uma abordagem integrada que atenda tanto as necessidades humanitárias imediatas quanto o suporte à reintegração, visando assegurar um retorno digno e seguro para todos os afegãos.
Origem: Nações Unidas